História do ensino da infância – Resenha Clivya Nobre (UFRN), sobre o livro “Educação Primária: instituições e práticas educativas em Sergipe no início do século XX”, organizado por João Paulo Gama Oliveira, Roselusia Teresa de Morais Oliveira e Rosemeire Marcedo Costa

Resumo: Em Educação Primária: Instituições e Práticas Educativas em Sergipe no Início do Século XX, João Paulo Gama Oliveira, Roselusia Teresa de Morais Oliveira e Rosemeire Marcedo Costaexploram a educação básica em Sergipe, destacando influências políticas e culturais. A obra apresenta pesquisa rica, mas carece de clareza estrutural em alguns capítulos.

Palavras-chave: educação primária; Sergipe; história da educação.


Com a publicação de Educação Primária: instituições e práticas educativas em Sergipe no início do século XX,  os organizadores João Paulo Gama Oliveira, Roselusia Teresa de Morais Oliveira e Rosemeire Marcedo Costa tiveram por objetivo abordar aspectos da Educação Básica promovida no estado de Sergipe durante as primeiras décadas do século XX. A publicação resultou das atividades dos Grupos de Pesquisas História da Educação: sujeitos, patrimônio e práticas educativas (HESCOLAR/UFS/CNPq), e Relicário (UFS/CNPq), ambos ligados à Universidade Federal de Sergipe, que reuniram pesquisadores da área de História da Educação de diferentes instituições.

Dentre os organizadores, João Paulo Gama Oliveira tem doutorado e mestrado em Educação e licenciatura em História pela Universidade Federal de Sergipe, instituição onde atua como professor adjunto na área de Educação. Suas pesquisas se concentram nos temas ligados à História da educação e do ensino de História nos níveis secundário e superior, ao patrimônio educacional e as trajetórias de intelectuais e docentes. Roselusia Teresa de Morais Oliveira é doutora e mestra em Educação pela Universidade Federal de Pelotas, com graduação em Pedagogia pela Universidade Federal de Sergipe, onde atua como professora adjunta. Concentra-se nos temas de prática de leitura, formação docente, memórias e biografias. Por fim, Rosemeire Marcedo Costa tem doutorado e mestrado em Educação pela Universidade Federal de Sergipe e graduação em Pedagogia na mesma instituição, onde atualmente leciona. A pesquisa com foco nas áreas de História da Educação, Gestão Escolar e Práticas Educativas.

A primeira parte da coletânea, “Grupos escolares em Sergipe (1911-1926)”, é composta por reconstituições das histórias de grupos escolares, escritas por diferentes autores, de modo a compor um panorama da história educacional sergipana da primeira metade do século XX. Foi apontado o nome de cada instituição, data inaugural, localização, estrutura física e arquitetônica do prédio original, suas possíveis mudanças e outros usos dados à primeira sede, aspectos da comunidade escolar e de funcionamento em diferentes épocas, demandas políticas, econômicas e/ou educacionais atendidas pela escola e pelos sujeitos envolvidos na sua fundação, e dados biográficos dos patronos. Esta ordem compartilhada auxiliou na coesão desta primeira parte, porém, cada pesquisador organizou estas informações de acordo com seu próprio estilo de escrita e, deste modo, compuseram tramas únicas, com destaque para aspectos distintos.

A segunda parte da coletânea, “Educação Primária em Sergipe: diálogos”, reuniu nove capítulos. O primeiro, escrito por Crislane Azevedo, abordou o perfil docente dos grupos escolares de Sergipe no início do século XX, sua formação, sua práxis, seus direitos e deveres e as relações com os órgãos públicos e suas demandas, através da análise de documentos oficiais de orientação da instrução pública. A autora identificou que a docência foi um meio de inserção feminina no mercado de trabalho, porém esse processo traz a marca da desvalorização remunerativa. O segundo capítulo, de autoria de Ivanete Santos, caracterizou os saberes aritméticos ensinados nos grupos escolares de Sergipe entre 1911 e 1931, como estavam presentes na formação docente e as diretrizes pedagógicas e programáticas governamentais sobre a esta disciplina escolar. Já no terceiro, por meio da análise dos documentos programáticos estaduais referentes aos anos de 1912, 1915, 1917 e 1924, Magno Santos investigou as propostas de ensino de ginástica nos grupos escolares sergipanos e suas metodologias. Ele identificou relações entre as habilidades exercitadas e demanda por formação de mão de obra operária e militar.

No quarto capítulo, Simone Rodrigues e Rosemeire Costa trata de aspectos da cultura escolar do Grupo Escolar Fausto Cardoso, por meio da análise das edições do jornal estudantil O Ideal, publicado entre 1934 e 1942, em seus elementos pré e pós-textuais, estrutura, conteúdo e participação docente. Concluiu que os textos eram produtos do processo de ensino-aprendizagem, mas com pouca autonomia dos estudantes. Quanto ao quinto capítulo, Degenal de Jesus da Silva abordou periódicos e discursos de autoridades para analisar de que maneira as comemorações do centenário da emancipação de Sergipe, em 1920, se relacionaram com o contexto epidêmico. Ele observou a exclusão dos grupos sociais marginalizados, o caráter privado das celebrações e a ocultação das consequências da crise epidêmica no Estado.

O sexto capítulo, escrito por Patrícia Santos e Cristiano Ferronato, caracterizou os ritos escolares comemorativos anuais no Grupo Escolar Manoel Barroso, no município de São Cristóvão (Sergipe), na primeira metade do século XX, a partir da investigação dos compêndios da série “Pátria Brasileira”. Este capítulo, assim como o terceiro da segunda parte, poderia ter sido estruturado em mais subtópicos, o que facilitaria a leitura. Já no sétimo, a partir do estudo de documentos oficiais da instrução pública e registros memorialísticos de professores aposentados, Laisa Dias Santos e Rony Rei Silva mapearam a rede de instituições de ensino primário escolares, escolas isoladas, reunidas, colégios particulares regiões centro e sul de Sergipe nas primeiras décadas do século XX. Observou-se a heterogeneidade do ensino, para além do modelo assumido pelos grupos escolares. Excelente uso dos quadros para dar panorama do conjunto escolar mencionado, abordagem de outros modelos fora dos grupos escolares e a mobilização de fontes orais enriqueceram a trama.

Danielle Marinho, no oitavo capítulo, a partir de uma leitura semiótica da estrutura arquitetural do prédio-sede do Grupo Escolar Barão de Maruim (1917-1950), em Aracaju, associada aos discursos oficiais dos governantes, abordou as intenções e demandas atendidas com a fundação deste espaço escolar.

Desenho da fachada do Grupo Escolar Barão de Maruim, em Aracaju-SE. Ilustração: Guilherme Kauark . In: Oliveira et. al, 2024.p.36

No nono e último capítulo, João Paulo Gama Oliveira propôs um roteiro de visita pedagógica aos espaços que inicialmente abrigaram os grupos escolares fundados entre 1911 e 1925, em Aracaju, com finalidade de fomentar reflexões quanto à história local e à história dos processos educacionais.

Alguns elementos perpassam as conclusões das análises presentes ao longo da obra, dentre seus mais variados temas: a influência das intenções dos poderes públicos na consolidação dos princípios identitários e republicanos por meio das narrativas e símbolos cívicos; e a modernização e racionalização do ensino através da metodologia do ensino intuitivo, e pela normatização dos corpos, disciplina, higiene, pontualidade, voltadas para o prepara para um mercado de trabalho fabril e para a formação militar. Porém, foram evidenciadas as ambiguidades e a diversidade da apropriação deste projeto pelas comunidades escolares.

Quanto à bibliografia de referência, as pesquisas de Magno Santos, Crislane Azevedo, e Anne Cabral, sobre os grupos escolares foram as mais mencionadas, o que apontou o caráter seminal destas obras para os estudos de História da Educação Sergipana. Dentre as fontes documentais mobilizadas, foi mais frequente a presença de registros da imprensa e memoriais, assim como documentos administrativos governamentais e educacionais. Estes materiais, assim como as problematizações propostas, estão presentes tanto nas pesquisas da História quanto da Educação, e a maior parte dos autores da coletânea tem formação em uma destas ou em ambas as áreas.

A coletânea cumpriu os objetivos propostos ao oferecer um panorama abrangente e detalhado sobre as instituições e práticas educativas em Sergipe no início do século XX, destacando as especificidades locais e as influências de políticas públicas sobre o ensino primário. Recomenda-se sua leitura a historiadores da educação, pesquisadores interessados na história regional sergipana e educadores que buscam compreender a formação das bases do ensino público no Brasil e suas implicações socioculturais.

Sumário de Educação Primária: Instituições e práticas educativas em Sergipe no início do século XX

  • Prefácio
  • ApresenApresentação (sem alteração)
  • Parte 1 – Grupos Escolares em Sergipe
    • Grupo Escolar Modelo
    • Grupo Escolar General Siqueira: andanças por Aracaju
    • Grupo Escolar Barão de Maruim
    • Grupo Escolar General Valadão: uma escola centenária
    • Grupo Escolar Coelho e Campos
    • Primeira “águia” educacional em Sergipe durante o governo de Graccho Cardoso: o Grupo Escolar Gumercindo Bessa
    • Grupo Escolar Olympio Campos
    • Grupo Escolar Vigário Barroso – São Cristóvão-SE
    • Grupo Escolar Sílvio Romero – Lagarto-SE
    • O palácio escolar: o majestoso Grupo Escolar Manoel Luíz
    • O Grupo Escolar João Fernandes Brito: um espaço educacional na cidade Ribeirinha
    • O Grupo Escolar Fausto Cardoso
    • Do Grupo Escolar a Colégio Estadual Severiano Cardoso
    • Grupo Escolar José Augusto Ferraz – Aracaju-SE
  • Parte 2 – Educação Primária em Sergipe: diálogos
    • Para uma nova escola e sociedade, um novo professor (1911-1930)
    • Saber profissional do professor que ensinava aritmética em Grupos Escolares sergipanos
    • “Um baluarte das futuras victórias do nosso espírito”: ensino de ginástica nos grupos escolares de Sergipe na Primeira República
    • “‘O Ideal’ iluminará nossa inteligência no caminho do saber”: jornal do grupo escolar Fausto Cardoso (1934-1942)
    • Os Grupos Escolares na comemoração do primeiro centenário da Independência de Sergipe (1920): epidemias, doenças e as medidas de prevenção
    • Comemorações escolares em linhas e imagens no livro de leitura
    • Configuração da Escola Primária no centro e sul sergipano nas primeiras décadas do século
    • De frente para o rio, na vanguarda da educação primária sergipana
    • Patrimônio educativo a céu aberto: itinerários pelos Grupos Escolares em Aracaju (Sergipe)
  • Sobre os autores

Resenhista

Clivya Nobre – Mestra pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Licenciada em História pela UFRN. Pesquisa sobre Historiografia, Ensino de História e História dos Intelectuais. Publicou, entre outros trabalhos, Memória sobre os outros, memória sobre si: representações da prática docente no curso de história da UFRN, pelo olhar da “geração de 1976” (https://revistas.unisinos.br/rla/index.php/rla/article/view/1217). ID LATTES: http://lattes.cnpq.br/5873762416854044; ID ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6977-0017. Email: clivyahistoria@gmail.com.


Para citar esta resenha

OLIVEIRA, João Paulo Gama; OLIVEIRA, Roselusia Teresa de Morais; COSTA, Rosemeire Marcedo (Orgs.). Educação primária: instituições e práticas educativas em Sergipe no início do século XX [recurso eletrônico]. São Cristóvão: Editora UFS, 2024. 290p. Resenha de: NOBRE, Clivya. História do ensino da Infância. Crítica Historiográfica. Natal, v.4, n.18, jul./ago, 2024. Disponível em <https://www.criticahistoriografica.com.br/historia-do-ensino-da-infancia-resenha-clivya-nobre-sobre-o-livro-educacao-primaria-instituicoes-e-praticas-educativas-em-sergipe-no-inicio-do-seculo-xx-organizado-por-joao-paulo-gama/>.


© – Os autores que publicam em Crítica Historiográfica concordam com a distribuição, remixagem, adaptação e criação a partir dos seus textos, mesmo para fins comerciais, desde que lhe sejam garantidos os devidos créditos pelas criações originais. (CC BY-SA).

 

Crítica Historiográfica. Natal, v.4, n.18, jul./ago., 2024 | ISSN 2764-2666.

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História do ensino da infância – Resenha Clivya Nobre (UFRN), sobre o livro “Educação Primária: instituições e práticas educativas em Sergipe no início do século XX”, organizado por João Paulo Gama Oliveira, Roselusia Teresa de Morais Oliveira e Rosemeire Marcedo Costa

Resumo: Em Educação Primária: Instituições e Práticas Educativas em Sergipe no Início do Século XX, João Paulo Gama Oliveira, Roselusia Teresa de Morais Oliveira e Rosemeire Marcedo Costaexploram a educação básica em Sergipe, destacando influências políticas e culturais. A obra apresenta pesquisa rica, mas carece de clareza estrutural em alguns capítulos.

Palavras-chave: educação primária; Sergipe; história da educação.


Com a publicação de Educação Primária: instituições e práticas educativas em Sergipe no início do século XX,  os organizadores João Paulo Gama Oliveira, Roselusia Teresa de Morais Oliveira e Rosemeire Marcedo Costa tiveram por objetivo abordar aspectos da Educação Básica promovida no estado de Sergipe durante as primeiras décadas do século XX. A publicação resultou das atividades dos Grupos de Pesquisas História da Educação: sujeitos, patrimônio e práticas educativas (HESCOLAR/UFS/CNPq), e Relicário (UFS/CNPq), ambos ligados à Universidade Federal de Sergipe, que reuniram pesquisadores da área de História da Educação de diferentes instituições.

Dentre os organizadores, João Paulo Gama Oliveira tem doutorado e mestrado em Educação e licenciatura em História pela Universidade Federal de Sergipe, instituição onde atua como professor adjunto na área de Educação. Suas pesquisas se concentram nos temas ligados à História da educação e do ensino de História nos níveis secundário e superior, ao patrimônio educacional e as trajetórias de intelectuais e docentes. Roselusia Teresa de Morais Oliveira é doutora e mestra em Educação pela Universidade Federal de Pelotas, com graduação em Pedagogia pela Universidade Federal de Sergipe, onde atua como professora adjunta. Concentra-se nos temas de prática de leitura, formação docente, memórias e biografias. Por fim, Rosemeire Marcedo Costa tem doutorado e mestrado em Educação pela Universidade Federal de Sergipe e graduação em Pedagogia na mesma instituição, onde atualmente leciona. A pesquisa com foco nas áreas de História da Educação, Gestão Escolar e Práticas Educativas.

A primeira parte da coletânea, “Grupos escolares em Sergipe (1911-1926)”, é composta por reconstituições das histórias de grupos escolares, escritas por diferentes autores, de modo a compor um panorama da história educacional sergipana da primeira metade do século XX. Foi apontado o nome de cada instituição, data inaugural, localização, estrutura física e arquitetônica do prédio original, suas possíveis mudanças e outros usos dados à primeira sede, aspectos da comunidade escolar e de funcionamento em diferentes épocas, demandas políticas, econômicas e/ou educacionais atendidas pela escola e pelos sujeitos envolvidos na sua fundação, e dados biográficos dos patronos. Esta ordem compartilhada auxiliou na coesão desta primeira parte, porém, cada pesquisador organizou estas informações de acordo com seu próprio estilo de escrita e, deste modo, compuseram tramas únicas, com destaque para aspectos distintos.

A segunda parte da coletânea, “Educação Primária em Sergipe: diálogos”, reuniu nove capítulos. O primeiro, escrito por Crislane Azevedo, abordou o perfil docente dos grupos escolares de Sergipe no início do século XX, sua formação, sua práxis, seus direitos e deveres e as relações com os órgãos públicos e suas demandas, através da análise de documentos oficiais de orientação da instrução pública. A autora identificou que a docência foi um meio de inserção feminina no mercado de trabalho, porém esse processo traz a marca da desvalorização remunerativa. O segundo capítulo, de autoria de Ivanete Santos, caracterizou os saberes aritméticos ensinados nos grupos escolares de Sergipe entre 1911 e 1931, como estavam presentes na formação docente e as diretrizes pedagógicas e programáticas governamentais sobre a esta disciplina escolar. Já no terceiro, por meio da análise dos documentos programáticos estaduais referentes aos anos de 1912, 1915, 1917 e 1924, Magno Santos investigou as propostas de ensino de ginástica nos grupos escolares sergipanos e suas metodologias. Ele identificou relações entre as habilidades exercitadas e demanda por formação de mão de obra operária e militar.

No quarto capítulo, Simone Rodrigues e Rosemeire Costa trata de aspectos da cultura escolar do Grupo Escolar Fausto Cardoso, por meio da análise das edições do jornal estudantil O Ideal, publicado entre 1934 e 1942, em seus elementos pré e pós-textuais, estrutura, conteúdo e participação docente. Concluiu que os textos eram produtos do processo de ensino-aprendizagem, mas com pouca autonomia dos estudantes. Quanto ao quinto capítulo, Degenal de Jesus da Silva abordou periódicos e discursos de autoridades para analisar de que maneira as comemorações do centenário da emancipação de Sergipe, em 1920, se relacionaram com o contexto epidêmico. Ele observou a exclusão dos grupos sociais marginalizados, o caráter privado das celebrações e a ocultação das consequências da crise epidêmica no Estado.

O sexto capítulo, escrito por Patrícia Santos e Cristiano Ferronato, caracterizou os ritos escolares comemorativos anuais no Grupo Escolar Manoel Barroso, no município de São Cristóvão (Sergipe), na primeira metade do século XX, a partir da investigação dos compêndios da série “Pátria Brasileira”. Este capítulo, assim como o terceiro da segunda parte, poderia ter sido estruturado em mais subtópicos, o que facilitaria a leitura. Já no sétimo, a partir do estudo de documentos oficiais da instrução pública e registros memorialísticos de professores aposentados, Laisa Dias Santos e Rony Rei Silva mapearam a rede de instituições de ensino primário escolares, escolas isoladas, reunidas, colégios particulares regiões centro e sul de Sergipe nas primeiras décadas do século XX. Observou-se a heterogeneidade do ensino, para além do modelo assumido pelos grupos escolares. Excelente uso dos quadros para dar panorama do conjunto escolar mencionado, abordagem de outros modelos fora dos grupos escolares e a mobilização de fontes orais enriqueceram a trama.

Danielle Marinho, no oitavo capítulo, a partir de uma leitura semiótica da estrutura arquitetural do prédio-sede do Grupo Escolar Barão de Maruim (1917-1950), em Aracaju, associada aos discursos oficiais dos governantes, abordou as intenções e demandas atendidas com a fundação deste espaço escolar.

Desenho da fachada do Grupo Escolar Barão de Maruim, em Aracaju-SE. Ilustração: Guilherme Kauark . In: Oliveira et. al, 2024.p.36

No nono e último capítulo, João Paulo Gama Oliveira propôs um roteiro de visita pedagógica aos espaços que inicialmente abrigaram os grupos escolares fundados entre 1911 e 1925, em Aracaju, com finalidade de fomentar reflexões quanto à história local e à história dos processos educacionais.

Alguns elementos perpassam as conclusões das análises presentes ao longo da obra, dentre seus mais variados temas: a influência das intenções dos poderes públicos na consolidação dos princípios identitários e republicanos por meio das narrativas e símbolos cívicos; e a modernização e racionalização do ensino através da metodologia do ensino intuitivo, e pela normatização dos corpos, disciplina, higiene, pontualidade, voltadas para o prepara para um mercado de trabalho fabril e para a formação militar. Porém, foram evidenciadas as ambiguidades e a diversidade da apropriação deste projeto pelas comunidades escolares.

Quanto à bibliografia de referência, as pesquisas de Magno Santos, Crislane Azevedo, e Anne Cabral, sobre os grupos escolares foram as mais mencionadas, o que apontou o caráter seminal destas obras para os estudos de História da Educação Sergipana. Dentre as fontes documentais mobilizadas, foi mais frequente a presença de registros da imprensa e memoriais, assim como documentos administrativos governamentais e educacionais. Estes materiais, assim como as problematizações propostas, estão presentes tanto nas pesquisas da História quanto da Educação, e a maior parte dos autores da coletânea tem formação em uma destas ou em ambas as áreas.

A coletânea cumpriu os objetivos propostos ao oferecer um panorama abrangente e detalhado sobre as instituições e práticas educativas em Sergipe no início do século XX, destacando as especificidades locais e as influências de políticas públicas sobre o ensino primário. Recomenda-se sua leitura a historiadores da educação, pesquisadores interessados na história regional sergipana e educadores que buscam compreender a formação das bases do ensino público no Brasil e suas implicações socioculturais.

Sumário de Educação Primária: Instituições e práticas educativas em Sergipe no início do século XX

  • Prefácio
  • ApresenApresentação (sem alteração)
  • Parte 1 – Grupos Escolares em Sergipe
    • Grupo Escolar Modelo
    • Grupo Escolar General Siqueira: andanças por Aracaju
    • Grupo Escolar Barão de Maruim
    • Grupo Escolar General Valadão: uma escola centenária
    • Grupo Escolar Coelho e Campos
    • Primeira “águia” educacional em Sergipe durante o governo de Graccho Cardoso: o Grupo Escolar Gumercindo Bessa
    • Grupo Escolar Olympio Campos
    • Grupo Escolar Vigário Barroso – São Cristóvão-SE
    • Grupo Escolar Sílvio Romero – Lagarto-SE
    • O palácio escolar: o majestoso Grupo Escolar Manoel Luíz
    • O Grupo Escolar João Fernandes Brito: um espaço educacional na cidade Ribeirinha
    • O Grupo Escolar Fausto Cardoso
    • Do Grupo Escolar a Colégio Estadual Severiano Cardoso
    • Grupo Escolar José Augusto Ferraz – Aracaju-SE
  • Parte 2 – Educação Primária em Sergipe: diálogos
    • Para uma nova escola e sociedade, um novo professor (1911-1930)
    • Saber profissional do professor que ensinava aritmética em Grupos Escolares sergipanos
    • “Um baluarte das futuras victórias do nosso espírito”: ensino de ginástica nos grupos escolares de Sergipe na Primeira República
    • “‘O Ideal’ iluminará nossa inteligência no caminho do saber”: jornal do grupo escolar Fausto Cardoso (1934-1942)
    • Os Grupos Escolares na comemoração do primeiro centenário da Independência de Sergipe (1920): epidemias, doenças e as medidas de prevenção
    • Comemorações escolares em linhas e imagens no livro de leitura
    • Configuração da Escola Primária no centro e sul sergipano nas primeiras décadas do século
    • De frente para o rio, na vanguarda da educação primária sergipana
    • Patrimônio educativo a céu aberto: itinerários pelos Grupos Escolares em Aracaju (Sergipe)
  • Sobre os autores

Resenhista

Clivya Nobre – Mestra pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Licenciada em História pela UFRN. Pesquisa sobre Historiografia, Ensino de História e História dos Intelectuais. Publicou, entre outros trabalhos, Memória sobre os outros, memória sobre si: representações da prática docente no curso de história da UFRN, pelo olhar da “geração de 1976” (https://revistas.unisinos.br/rla/index.php/rla/article/view/1217). ID LATTES: http://lattes.cnpq.br/5873762416854044; ID ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6977-0017. Email: clivyahistoria@gmail.com.


Para citar esta resenha

OLIVEIRA, João Paulo Gama; OLIVEIRA, Roselusia Teresa de Morais; COSTA, Rosemeire Marcedo (Orgs.). Educação primária: instituições e práticas educativas em Sergipe no início do século XX [recurso eletrônico]. São Cristóvão: Editora UFS, 2024. 290p. Resenha de: NOBRE, Clivya. História do ensino da Infância. Crítica Historiográfica. Natal, v.4, n.18, jul./ago, 2024. Disponível em <https://www.criticahistoriografica.com.br/historia-do-ensino-da-infancia-resenha-clivya-nobre-sobre-o-livro-educacao-primaria-instituicoes-e-praticas-educativas-em-sergipe-no-inicio-do-seculo-xx-organizado-por-joao-paulo-gama/>.


© – Os autores que publicam em Crítica Historiográfica concordam com a distribuição, remixagem, adaptação e criação a partir dos seus textos, mesmo para fins comerciais, desde que lhe sejam garantidos os devidos créditos pelas criações originais. (CC BY-SA).

 

Crítica Historiográfica. Natal, v.4, n.18, jul./ago., 2024 | ISSN 2764-2666.

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