Afetos e desejos no espaço da Fé – Resenha de André de Jesus Lima (UFSB/Uneb), sobre “Terreiros, barracões e afetos: leituras sobre a homoafetividade nas religiões afro-brasileiras”, organizado por Marcos Vinicius de Farias Reis e Sérgio Rogério Azevedo Junqueira

Obrigações no Centro dos Tambores de Mina Jeje Nagô Toy Lissá/Agbê Manjá. Da esquerda para a direita: Pai Lairton da Oxum, Mãe Emília de Toy Lissá, Pai Dinho (Júlio César) de Azaá Ká, Floriza de Navé, Pai Brasil de Lissá, Simone (esposa de Pai Brasil), Pai Miguel de Vondoreji, Ivaneide de Badé | Foto: Afinsophia

Resumo: Terreiros, barracões e afetos: leituras sobre a homoafetividade nas religiões afro-brasileiras é o quinto volume da coleção “Estudos da Religião”, lançado em 2020, pela Editora Nepan, que aborda assuntos relevantes aos Estudos da Religião e ao ensino das Ciências Humanas. Organizado por Marcos Vinicius de Farias Reis e Sérgio Rogério Azevedo Junqueira, o volume que resenhamos trata especialmente das relações entre Terreiros e homossexualidade, racismo e homofobia, homoafetividade e culto, questões de gênero e práticas religiosas em Comunidades tradicionais de Terreiro.

Palavras-chave: Afetos, Desejos, Comunidades Tradicionais de Terreiro.


A Universidade Federal do Amapá produz o livro Terreiros, barracões e afetos: leituras sobre a homoafetividade nas religiões afro-brasileiras, quinto volume da coleção “Estudos da religião” que é distribuída pela Nepan Editora e disponibilizada em formato digital e gratuito. Ao longo dos cinco volumes, a coleção propõe temas de grande valor epistemológico para os dias atuais, como o Ensino Religioso e as pesquisas relacionadas a ele na região norte do Brasil. Ramificando os estudos para outras localidades do país, a coleção abarca o exame das religiões atrelado às noções do ensino das Ciências Humanas, incluindo a História. Além disso, a coleção promove uma educação laica, inclusiva e respeitosa a todas as formas de existir, crer e ensinar sobre elas.

A presente resenha tem como objetivo analisar especificamente o quinto volume da coleção. A obra é organizada por dois intelectuais da área dos Estudos da Religião, que relacionam este domínio aos mais diversos campos das Ciências Humanas. O primeiro deles é o professor Marcos Vinicius de Freitas Reis, que possui doutorado em Sociologia (UFSCar) e pós-doutorado em Estudos de Fronteira (UNIFAP) e em Ciências da Religião (UEPA). Atualmente, é docente do Mestrado Acadêmico em História Social (UNIFA), no curso de Especialização em Gestão Escolar (UEAP), no Curso de História da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), além de ser professor visitante da Universidade Católica de Cabo Verde. Ele atua na pesquisa da área de Sociologia da Religião, com ênfase na diversidade religiosa da Amazônia. O segundo organizador é o professor Sérgio Rogério Azevedo Junqueira, que possui doutorado e mestrado em Ciências da Educação pela Universidade Pontifícia Salesiana (Roma – Itália), pós-doutorado em Ciência da Religião (PUCSP) e em Geografia da Religião (UFPR). Atualmente, é Professor Titular da PUCPR (2008). Ele possui vasta experiência na área de Educação e Religião, exercendo a docência em diversas instituições no Brasil e no exterior.

O volume em análise aborda temas sensíveis que precisam ser trabalhados na área da educação, pois relaciona os estudos das religiões afro-brasileiras com a temática que envolve os dilemas sociais, políticos e litúrgicos da comunidade LGBTQIA+. O objetivo é trazer novos olhares sobre os enfrentamentos e desafios na abordagem desses temas.

A coletânea é dividida em um prefácio e seis capítulos em formato de artigos independentes, escritos por professores e pesquisadores de diversas áreas, incluindo sacerdotes e praticantes das religiões de matrizes africanas, filósofos, estudiosos da área de religião, líderes de instituições culturais, além de profissionais da área do jornalismo e do direito. Cada um deles contribui de forma concisa para a temática central da coletânea.

O prefácio, assinado pelo Doutor e Babalorixá Sidnei Nogueira, introduz a leitura e aprofunda questões coloniais, decoloniais e pós-coloniais em torno das temáticas que envolvem a colonização do continente africano e sua subordinação aos padrões hegemônicos euro-ocidentais. O autor explica como o homem europeu concebeu uma forma de olhar autocentrado, enxergando o “outro” por uma névoa densa de estereótipos, afetando a forma de ver a cultura negra e africana, incluindo afetos, sexualidades e todos os modos de existência que não estão englobados pelo estilo de vida europeu. A presença do Babalorixá no prefácio enriquece a obra, trazendo a visão de um estudioso e sacerdote do Candomblé que evidencia uma visão peculiar sobre como os afetos são direcionados, exercidos e recebidos por pessoas negras praticantes ou não das religiões de matrizes africanas, discorrendo com propriedade sobre os aspectos opressivos e dominadores que a colonialidade impõe. Por fim, o autor apresenta a coletânea, capítulo a capítulo, trazendo uma breve síntese dos artigos que a compõem.

O capítulo um, intitulado “Tradições Afro-brasileiras”, escrito pelos professores Sérgio Junqueira e Edmar Antonio Brostulim, traz uma discussão ancestral e histórica sobre as religiões de matrizes africanas no Brasil. O texto analisa individualmente o Candomblé e a Umbanda, elencando suas diferenças no que se refere aos ritos e formações históricas. O texto aponta o continente africano como berço de cada uma das ramificações afro-religiosas, manifestando como a experiência religiosa e a sexualidade “modelam” os sujeitos no interior de uma Comunidade Tradicional de Terreiro (CTTro) em seu caráter social, mítico e ritualístico nos cultos. Os autores evidenciam os terreiros como espaços de acolhimento humano que recebem e agregam fiéis independentemente de classe, etnia e orientação sexual.

O capítulo dois, cujo título é “Terreiro, Homossexualidade e Desejos: Os Prazeres e o N’zo – O Corpo como Suporte de Desejo e Experiência Sexual”, foi redigido pelo jornalista e também candomblecista Washington Luís Kamugenan. O texto traz uma discussão sobre como as sexualidades, os afetos e as identidades de terreiro são moldados pelos desejos humanos em uma CTTro. O autor aponta para as problemáticas que o modelo heteronormativo impõe às religiões ocidentais no campo da pós-modernidade em que os terreiros estão inseridos, onde a chamada “tradição” acaba por exercer valores morais muitas vezes ancorados nos modelos da heteronormatividade. A partir daí, o autor estabelece um diálogo entre corpo, desejo e fé no campo religioso e social do que chama de Candomblé de Angola.

O capítulo três, intitulado “Entre o racismo e a homofobia: a presença de homens negros gays nas Comunidades Tradicionais de Terreiro”, escrito pelo professor Thiago Teixeira, discute a relação entre racismo e homofobia na disseminação do preconceito no Brasil. O autor argumenta que a presença de homens negros gays nas religiões ocidentais, que são compostas por homens brancos heteronormativos, desafia a norma e desmonta o discurso racista e homofóbico da religião cristã na pós-modernidade. O capítulo mostra como as CTTro são espaços inclusivos para fiéis que não se enquadram nos moldes ocidentais, já que o homem negro gay está presente em praticamente todas as composições de culto e casas.

No capítulo “As questões de gênero no Kwé de Mina Djedjê Nagô de Toy Lissá e Toyá: Jarina no Estado do Amapá”, os professores Clebson de Amorim Silveira e Marcos Vinicius de Freitas Reis discutem as questões de gênero e LGBTQIA+ no cotidiano de um terreiro específico na capital do estado do Amapá. Eles destacam que, ao contrário das religiões cristãs e ocidentais, as CTTro têm a presença comum de sacerdotes e sacerdotisas homossexuais na liderança dos templos, porque a diferenciação entre masculino e feminino nas religiões de matrizes africanas diz respeito às funções humanas que cada indivíduo desempenha perante as necessidades litúrgicas dos terreiros e na relação com as divindades do panteão africano. Tais espaços de culto mostram-se assim como locais de manifestação de múltiplas identidades de gênero, usando como exemplo a Casa de Culto pesquisada no referido artigo.

O quinto capítulo, chamado de “Homoafetividade e cultos de possessão: questões da teoria para a Umbanda”, redigido pelo professor Edmar Antonio Brostulim, objetiva a compreensão da relação entre religião e gênero com atenção à homoafetividade nos terreiros. O autor explana sobre a multiplicidade dos cultos presentes na Umbanda em todo o território brasileiro, trazendo à ótica o caráter acolhedor desta religião à comunidade LGBTQIA+. Ele faz uma revisão bibliográfica que demonstra como a homossexualidade foi vista nas religiões afro-brasileiras ao longo da história, entendendo os múltiplos espectros em que os terreiros acolhem tais personagens, principalmente nos espaços de liderança. O capítulo evidencia a relação entre gênero, poder e religião.

O escritor e doutorando em Direito Phablo Freire apresenta no sexto e último capítulo intitulado “Discurso laico e posicionamento assimétrico da comunidade LGBTI+ no Brasil” uma discussão teórica sobre os direitos da comunidade LGBTI+ e seu confronto com os dispositivos jurídicos, bem como um debate sobre a fé e a questão da laicidade nos espaços públicos e privados. O autor aborda a problemática que esse tema impõe à comunidade LGBTQIA+ na configuração ocidental da modernidade, que orbita em torno da hegemonia cristã europeia. A propósito, o autor utiliza a sigla LGBTI+ até determinado ponto do texto, substituindo a sigla por sua forma mais completa LGBTQIA+. É sabido que a diferença entre as siglas corresponde somente posicionamentos geracionais e políticos, contudo o autor não especifica o sentido da mudança. Ele destaca a importância do discurso como prática social política e ideológica na construção das identidades sociais, assim como o posicionamento dos sujeitos nos espaços vividos em comunidade, o que culmina nas relações de poder. Por fim, o autor explica que a laicidade dos espaços deveria significar a ausência de rejeições e preconceitos em relação à comunidade LGBTQIA+, tendo em vista que os discursos ideológicos que colocam tais indivíduos em posição subalterna são provenientes dos espaços religiosos ocidentais e cristãos, não representando a população nacional  e considerando a submissão de toda a sociedade brasileira às normas do Estado Democrático.

Ao analisar os capítulos do volume cinco da Coleção “Estudos da Religião”, é possível perceber que em alguns textos a questão colonial é um elemento fundamental no desencadeamento de todas as formas de preconceito e discriminação social, cultural e epistemológica que ainda estão presentes em nossa sociedade. Ao tratar da origem negra do Candomblé, diferenciando-o da Umbanda, os autores apresentam uma forma de eliminar incongruências técnicas existentes no imaginário social que muitas vezes não consegue fazer distinção entre as duas religiões. É importante ressaltar que o Candomblé tratado na obra é de tradição Bantu, originário das práticas ancestrais dos povos que vieram da África central, especificamente da região de Angola.

Todos os textos que tratam da religiosidade afro-brasileira mostram diferenças com  as religiões cristãs. Religiões de matrizes afro-brasileiras não seguem os padrões normativos europeus que, pautados em uma branquitude heteronormativa e masculina, acabam por articular as ações sociais e sexuais de seus seguidores. Neste ponto, os textos destacam que tanto o Candomblé quanto a Umbanda prezam pelo respeito à sexualidade de seus integrantes, pois os papéis do masculino e do feminino relacionam-se igualmente com o sagrado, cada um em seu espaço de atuação, sendo a sexualidade uma possibilidade de construção de si e de sua interação com as divindades e respectivas funções humanas.

É digno de atenção o cuidado especial prestado à relação entre a homoafetividade e as questões raciais. Como homens negros, gays e candomblecistas, é evidenciado que tais personagens são, por vezes, apagados do protagonismo social e político que desempenham em seus Terreiros, independentemente de sua função. Os textos mostram claramente que tais personagens atuam com coragem ao assumirem uma masculinidade negra que enfrenta os modelos de opressão que flutuam no limbo entre o racismo e a homofobia.

A questão do racismo religioso e da perseguição física aos terreiros de Candomblé pelo Brasil também foi abordada neste volume. Os textos mostram como atrelam-se à origem negra dos cultos, mas não buscam uma compreensão do seu impacto na experiência da comunidade LGBTQIA+.

O combate ao racismo religioso como luta política das religiões de matrizes africanas | Foto: Roger Cipó

Tais práticas de ódio contra os terreiros atingem pessoas cujo simples estilo de vida afeta o imaginário do opressor. Essa ideia aponta que o Brasil é um país ancorado majoritariamente em uma religiosidade colonial ocidental cristã e em um modelo social heteronormativo. Contudo, é importante salientar, e isso é explanado no volume em análise, que a religiosidade afro-brasileira também possui aspectos que se ancoram em um binarismo colonial ocidental entre o masculino e o feminino.

No livro, a descrição das funções internas destinadas a homens e mulheres, independentemente de sua orientação sexual, acaba por deixar dúvidas sobre a participação de pessoas trans nos espaços de poder dos Terreiros. A propósito, o referido volume trata da homoafetividade sob o prisma masculino, não adentrando às problemáticas das mulheres que envolvem a ótica lésbica sobre o tema, e não possuindo vozes femininas que abordem o conteúdo em, pelo menos, um artigo. Ainda que cite brevemente entraves sofridos por pessoas trans, existem debates em voga sobre a transexualidade no Candomblé que abordam as partes ritualísticas e as interdições que o chamado “binarismo sexual” interpõe. Um exemplo é a obra de Claudenilson Dias (2020), que trata das identidades trans no Candomblé, observando as contradições presentes na aceitação e rejeição de tais personagens para certas práticas ritualísticas. A participação de pessoas trans na ocupação dos cargos no Candomblé e demais CTTro ainda é palco para diálogos e pesquisas, e no volume em específico faltou uma discussão mais ampla que abrangesse tais públicos, pois como a própria sigla demonstra, o grupo LGBTQIA+ contempla um grande contingente de indivíduos que lutam por representação.

Tendo apontado o caráter epistemológico da obra e suas possíveis brechas, analiso, por fim, a estrutura do volume em sua construção editorial que, apesar de apresentar falhas pontuais, não perde sua relevância. Inicialmente, a obra necessitaria de uma revisão gramatical que eliminasse cortes de palavras e pontuações em locais inadequados. O quinto capítulo inclusive possui repetições de muitos parágrafos, sem aprofundamento na ideia central proposta.

O texto do último capítulo é apresenta adequadamente a ideia da laicidade, fazendo um prólogo sobre as leis que envolvem a comunidade LGBTQIA+. Contudo, o autor não traz esta questão para a realidade dos Terreiros, o que nos leva a duas questões sobre o artigo: como a ideia da laicidade, atrelada aos direitos da comunidade LGBTQIA+, pode contribuir para as práticas de uma CTTro? Como os terreiros estão inseridos (ou não) no discurso laico proposto pelo autor? Pensando nessas duas perguntas, seria oportuno que o texto fosse reposicionado como primeiro capítulo, pois traz pormenores teóricos e estatísticos importantes para se compreender as questões levantadas por outros textos. Nesta posição, os textos subsequentes poderiam dar conta de responder às perguntas supracitadas de modo a denotar uma certa “fluidez” textual da coletânea.

Por fim, cabe aqui ressaltar que o 5º volume da Coletânea Estudos da Religião é uma obra relevante no cenário nacional sobre os Estudos da Religião e pode ser utilizado como ferramenta de aprendizado docente e para uma boa preparação de aulas das Ciências Humanas que abordem as temáticas das religiões afro-diaspóricas atreladas às causas e demandas da comunidade LGBTQIA+. Apesar de os textos trazerem poucas inferências acerca do Ensino Religioso, elucidam bem o tema a quem estiver realmente interessado(a) em se debruçar sobre tais tópicos. Outro ponto positivo é que a obra traz para os holofotes as vertentes afro-religiosas da região norte, evidenciando terreiros, sacerdotes e personagens que demonstram uma pluralidade dentro do universo plural das CTTro no Brasil. Sendo assim, sua propagação e utilização por docentes e pesquisadores(as) da área para fins acadêmicos, literários ou puramente para aprimoramento e deleite pessoal é de grande importância.

Sumário de Terreiros, barracões e afetos: leituras sobre a homoafetividade nas religiões afro-brasileiras

  • Prefácio
  • 1. Palavras livres contra desejos e afetos tensionados no interior das CTTro – Comunidades Tradicionais de Terreiro | Sidnei Nogueira
  • 2. Tradições Afro-brasileiras | Sérgio Junqueira e Edmar Antonio Brostulim
  • 3. Terreiro, homossexualidade e desejos: os prazeres e o N´zo: o corpo como suporte de desejo e experiência espiritual | Washington Luis (Kamugenan)
  • 4. Entre o racismo e a homofobia: a presença de homens negros gays nas Comunidades Tradicionais de Terreiro | Thiago Teixeira
  • 5. As questões de gênero no Kwé de Mina Djedjê Nagô de Toy Lissá e Toyá: Jarina no Estado do Amapá | Clebson de Amorim Silveira e Marcos Vinicius de Freitas Reis
  • 6. Homoafetividade e cult os de possessão: questões da teoria para a Umbanda | Edmar Antonio Brostulim
  • 7. Discurso laico e posicionamento assimétrico da comunidade LGBTI+ no Brasil | Phablo Freire
  • Sobre os autores

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Resenhista

André de Jesus Lima é Mestre em Ensino e Relações Étnico-Raciais pela Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB – Campus Sosígenes Costa / Porto Seguro). Também é Historiador pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB – Campus XVIII / Eunápolis). Atua no ramo de pesquisa voltado ao protagonismo negros nas esferas de conhecimento, com ênfase nos estudos sobre as religiões e religiosidades afro-brasileiras. Tem experiência como Professor de História e Filosofia da Rede Estadual de Ensino da Bahia. ID LATTES: http://lattes.cnpq.br/9054331029753368; ID ORCID: 0000-0003-0532-8913; instagram: @andrelimonada; E-mail: andrelima_ajl@yahoo.com.br.


Para citar esta resenha

REIS, Marcos Vinicius de Freitas; JUNQUEIRA, Sérgio Rogério Azevedo (Orgs.). Terreiros, barracões e afetos: leituras sobre a homoafetividade nas religiões afro-brasileiras. Rio Branco: Nepan, 2021. 79p. Resenha de: LIMA, André de Jesus. Afetos e desejos no espaço da Fé. Crítica Historiográfica. Natal, v.3, n.11, mar./abr., 2021. Disponível em<https://www.criticahistoriografica.com.br/afetos-e-desejos-no-espaco-da-fe-resenha-de-andre-de-jesus-lima-sobre-terreiros-barracoes-e-afetos-leituras-sobre-a-homoafetividade-nas-religioes-afro-brasileiras-organ/>. DOI: 10.29327/254374.3.10-4


© – Os autores que publicam em Crítica Historiográfica concordam com a distribuição, remixagem, adaptação e criação a partir dos seus textos, mesmo para fins comerciais, desde que lhe sejam garantidos os devidos créditos pelas criações originais. (CC BY-SA).

 

Crítica Historiográfica. Natal, v.3, n. 10, mar./abr., 2023 | ISSN 2764-2666

 

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Afetos e desejos no espaço da Fé – Resenha de André de Jesus Lima (UFSB/Uneb), sobre “Terreiros, barracões e afetos: leituras sobre a homoafetividade nas religiões afro-brasileiras”, organizado por Marcos Vinicius de Farias Reis e Sérgio Rogério Azevedo Junqueira

Obrigações no Centro dos Tambores de Mina Jeje Nagô Toy Lissá/Agbê Manjá. Da esquerda para a direita: Pai Lairton da Oxum, Mãe Emília de Toy Lissá, Pai Dinho (Júlio César) de Azaá Ká, Floriza de Navé, Pai Brasil de Lissá, Simone (esposa de Pai Brasil), Pai Miguel de Vondoreji, Ivaneide de Badé | Foto: Afinsophia

Resumo: Terreiros, barracões e afetos: leituras sobre a homoafetividade nas religiões afro-brasileiras é o quinto volume da coleção “Estudos da Religião”, lançado em 2020, pela Editora Nepan, que aborda assuntos relevantes aos Estudos da Religião e ao ensino das Ciências Humanas. Organizado por Marcos Vinicius de Farias Reis e Sérgio Rogério Azevedo Junqueira, o volume que resenhamos trata especialmente das relações entre Terreiros e homossexualidade, racismo e homofobia, homoafetividade e culto, questões de gênero e práticas religiosas em Comunidades tradicionais de Terreiro.

Palavras-chave: Afetos, Desejos, Comunidades Tradicionais de Terreiro.


A Universidade Federal do Amapá produz o livro Terreiros, barracões e afetos: leituras sobre a homoafetividade nas religiões afro-brasileiras, quinto volume da coleção “Estudos da religião” que é distribuída pela Nepan Editora e disponibilizada em formato digital e gratuito. Ao longo dos cinco volumes, a coleção propõe temas de grande valor epistemológico para os dias atuais, como o Ensino Religioso e as pesquisas relacionadas a ele na região norte do Brasil. Ramificando os estudos para outras localidades do país, a coleção abarca o exame das religiões atrelado às noções do ensino das Ciências Humanas, incluindo a História. Além disso, a coleção promove uma educação laica, inclusiva e respeitosa a todas as formas de existir, crer e ensinar sobre elas.

A presente resenha tem como objetivo analisar especificamente o quinto volume da coleção. A obra é organizada por dois intelectuais da área dos Estudos da Religião, que relacionam este domínio aos mais diversos campos das Ciências Humanas. O primeiro deles é o professor Marcos Vinicius de Freitas Reis, que possui doutorado em Sociologia (UFSCar) e pós-doutorado em Estudos de Fronteira (UNIFAP) e em Ciências da Religião (UEPA). Atualmente, é docente do Mestrado Acadêmico em História Social (UNIFA), no curso de Especialização em Gestão Escolar (UEAP), no Curso de História da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), além de ser professor visitante da Universidade Católica de Cabo Verde. Ele atua na pesquisa da área de Sociologia da Religião, com ênfase na diversidade religiosa da Amazônia. O segundo organizador é o professor Sérgio Rogério Azevedo Junqueira, que possui doutorado e mestrado em Ciências da Educação pela Universidade Pontifícia Salesiana (Roma – Itália), pós-doutorado em Ciência da Religião (PUCSP) e em Geografia da Religião (UFPR). Atualmente, é Professor Titular da PUCPR (2008). Ele possui vasta experiência na área de Educação e Religião, exercendo a docência em diversas instituições no Brasil e no exterior.

O volume em análise aborda temas sensíveis que precisam ser trabalhados na área da educação, pois relaciona os estudos das religiões afro-brasileiras com a temática que envolve os dilemas sociais, políticos e litúrgicos da comunidade LGBTQIA+. O objetivo é trazer novos olhares sobre os enfrentamentos e desafios na abordagem desses temas.

A coletânea é dividida em um prefácio e seis capítulos em formato de artigos independentes, escritos por professores e pesquisadores de diversas áreas, incluindo sacerdotes e praticantes das religiões de matrizes africanas, filósofos, estudiosos da área de religião, líderes de instituições culturais, além de profissionais da área do jornalismo e do direito. Cada um deles contribui de forma concisa para a temática central da coletânea.

O prefácio, assinado pelo Doutor e Babalorixá Sidnei Nogueira, introduz a leitura e aprofunda questões coloniais, decoloniais e pós-coloniais em torno das temáticas que envolvem a colonização do continente africano e sua subordinação aos padrões hegemônicos euro-ocidentais. O autor explica como o homem europeu concebeu uma forma de olhar autocentrado, enxergando o “outro” por uma névoa densa de estereótipos, afetando a forma de ver a cultura negra e africana, incluindo afetos, sexualidades e todos os modos de existência que não estão englobados pelo estilo de vida europeu. A presença do Babalorixá no prefácio enriquece a obra, trazendo a visão de um estudioso e sacerdote do Candomblé que evidencia uma visão peculiar sobre como os afetos são direcionados, exercidos e recebidos por pessoas negras praticantes ou não das religiões de matrizes africanas, discorrendo com propriedade sobre os aspectos opressivos e dominadores que a colonialidade impõe. Por fim, o autor apresenta a coletânea, capítulo a capítulo, trazendo uma breve síntese dos artigos que a compõem.

O capítulo um, intitulado “Tradições Afro-brasileiras”, escrito pelos professores Sérgio Junqueira e Edmar Antonio Brostulim, traz uma discussão ancestral e histórica sobre as religiões de matrizes africanas no Brasil. O texto analisa individualmente o Candomblé e a Umbanda, elencando suas diferenças no que se refere aos ritos e formações históricas. O texto aponta o continente africano como berço de cada uma das ramificações afro-religiosas, manifestando como a experiência religiosa e a sexualidade “modelam” os sujeitos no interior de uma Comunidade Tradicional de Terreiro (CTTro) em seu caráter social, mítico e ritualístico nos cultos. Os autores evidenciam os terreiros como espaços de acolhimento humano que recebem e agregam fiéis independentemente de classe, etnia e orientação sexual.

O capítulo dois, cujo título é “Terreiro, Homossexualidade e Desejos: Os Prazeres e o N’zo – O Corpo como Suporte de Desejo e Experiência Sexual”, foi redigido pelo jornalista e também candomblecista Washington Luís Kamugenan. O texto traz uma discussão sobre como as sexualidades, os afetos e as identidades de terreiro são moldados pelos desejos humanos em uma CTTro. O autor aponta para as problemáticas que o modelo heteronormativo impõe às religiões ocidentais no campo da pós-modernidade em que os terreiros estão inseridos, onde a chamada “tradição” acaba por exercer valores morais muitas vezes ancorados nos modelos da heteronormatividade. A partir daí, o autor estabelece um diálogo entre corpo, desejo e fé no campo religioso e social do que chama de Candomblé de Angola.

O capítulo três, intitulado “Entre o racismo e a homofobia: a presença de homens negros gays nas Comunidades Tradicionais de Terreiro”, escrito pelo professor Thiago Teixeira, discute a relação entre racismo e homofobia na disseminação do preconceito no Brasil. O autor argumenta que a presença de homens negros gays nas religiões ocidentais, que são compostas por homens brancos heteronormativos, desafia a norma e desmonta o discurso racista e homofóbico da religião cristã na pós-modernidade. O capítulo mostra como as CTTro são espaços inclusivos para fiéis que não se enquadram nos moldes ocidentais, já que o homem negro gay está presente em praticamente todas as composições de culto e casas.

No capítulo “As questões de gênero no Kwé de Mina Djedjê Nagô de Toy Lissá e Toyá: Jarina no Estado do Amapá”, os professores Clebson de Amorim Silveira e Marcos Vinicius de Freitas Reis discutem as questões de gênero e LGBTQIA+ no cotidiano de um terreiro específico na capital do estado do Amapá. Eles destacam que, ao contrário das religiões cristãs e ocidentais, as CTTro têm a presença comum de sacerdotes e sacerdotisas homossexuais na liderança dos templos, porque a diferenciação entre masculino e feminino nas religiões de matrizes africanas diz respeito às funções humanas que cada indivíduo desempenha perante as necessidades litúrgicas dos terreiros e na relação com as divindades do panteão africano. Tais espaços de culto mostram-se assim como locais de manifestação de múltiplas identidades de gênero, usando como exemplo a Casa de Culto pesquisada no referido artigo.

O quinto capítulo, chamado de “Homoafetividade e cultos de possessão: questões da teoria para a Umbanda”, redigido pelo professor Edmar Antonio Brostulim, objetiva a compreensão da relação entre religião e gênero com atenção à homoafetividade nos terreiros. O autor explana sobre a multiplicidade dos cultos presentes na Umbanda em todo o território brasileiro, trazendo à ótica o caráter acolhedor desta religião à comunidade LGBTQIA+. Ele faz uma revisão bibliográfica que demonstra como a homossexualidade foi vista nas religiões afro-brasileiras ao longo da história, entendendo os múltiplos espectros em que os terreiros acolhem tais personagens, principalmente nos espaços de liderança. O capítulo evidencia a relação entre gênero, poder e religião.

O escritor e doutorando em Direito Phablo Freire apresenta no sexto e último capítulo intitulado “Discurso laico e posicionamento assimétrico da comunidade LGBTI+ no Brasil” uma discussão teórica sobre os direitos da comunidade LGBTI+ e seu confronto com os dispositivos jurídicos, bem como um debate sobre a fé e a questão da laicidade nos espaços públicos e privados. O autor aborda a problemática que esse tema impõe à comunidade LGBTQIA+ na configuração ocidental da modernidade, que orbita em torno da hegemonia cristã europeia. A propósito, o autor utiliza a sigla LGBTI+ até determinado ponto do texto, substituindo a sigla por sua forma mais completa LGBTQIA+. É sabido que a diferença entre as siglas corresponde somente posicionamentos geracionais e políticos, contudo o autor não especifica o sentido da mudança. Ele destaca a importância do discurso como prática social política e ideológica na construção das identidades sociais, assim como o posicionamento dos sujeitos nos espaços vividos em comunidade, o que culmina nas relações de poder. Por fim, o autor explica que a laicidade dos espaços deveria significar a ausência de rejeições e preconceitos em relação à comunidade LGBTQIA+, tendo em vista que os discursos ideológicos que colocam tais indivíduos em posição subalterna são provenientes dos espaços religiosos ocidentais e cristãos, não representando a população nacional  e considerando a submissão de toda a sociedade brasileira às normas do Estado Democrático.

Ao analisar os capítulos do volume cinco da Coleção “Estudos da Religião”, é possível perceber que em alguns textos a questão colonial é um elemento fundamental no desencadeamento de todas as formas de preconceito e discriminação social, cultural e epistemológica que ainda estão presentes em nossa sociedade. Ao tratar da origem negra do Candomblé, diferenciando-o da Umbanda, os autores apresentam uma forma de eliminar incongruências técnicas existentes no imaginário social que muitas vezes não consegue fazer distinção entre as duas religiões. É importante ressaltar que o Candomblé tratado na obra é de tradição Bantu, originário das práticas ancestrais dos povos que vieram da África central, especificamente da região de Angola.

Todos os textos que tratam da religiosidade afro-brasileira mostram diferenças com  as religiões cristãs. Religiões de matrizes afro-brasileiras não seguem os padrões normativos europeus que, pautados em uma branquitude heteronormativa e masculina, acabam por articular as ações sociais e sexuais de seus seguidores. Neste ponto, os textos destacam que tanto o Candomblé quanto a Umbanda prezam pelo respeito à sexualidade de seus integrantes, pois os papéis do masculino e do feminino relacionam-se igualmente com o sagrado, cada um em seu espaço de atuação, sendo a sexualidade uma possibilidade de construção de si e de sua interação com as divindades e respectivas funções humanas.

É digno de atenção o cuidado especial prestado à relação entre a homoafetividade e as questões raciais. Como homens negros, gays e candomblecistas, é evidenciado que tais personagens são, por vezes, apagados do protagonismo social e político que desempenham em seus Terreiros, independentemente de sua função. Os textos mostram claramente que tais personagens atuam com coragem ao assumirem uma masculinidade negra que enfrenta os modelos de opressão que flutuam no limbo entre o racismo e a homofobia.

A questão do racismo religioso e da perseguição física aos terreiros de Candomblé pelo Brasil também foi abordada neste volume. Os textos mostram como atrelam-se à origem negra dos cultos, mas não buscam uma compreensão do seu impacto na experiência da comunidade LGBTQIA+.

O combate ao racismo religioso como luta política das religiões de matrizes africanas | Foto: Roger Cipó

Tais práticas de ódio contra os terreiros atingem pessoas cujo simples estilo de vida afeta o imaginário do opressor. Essa ideia aponta que o Brasil é um país ancorado majoritariamente em uma religiosidade colonial ocidental cristã e em um modelo social heteronormativo. Contudo, é importante salientar, e isso é explanado no volume em análise, que a religiosidade afro-brasileira também possui aspectos que se ancoram em um binarismo colonial ocidental entre o masculino e o feminino.

No livro, a descrição das funções internas destinadas a homens e mulheres, independentemente de sua orientação sexual, acaba por deixar dúvidas sobre a participação de pessoas trans nos espaços de poder dos Terreiros. A propósito, o referido volume trata da homoafetividade sob o prisma masculino, não adentrando às problemáticas das mulheres que envolvem a ótica lésbica sobre o tema, e não possuindo vozes femininas que abordem o conteúdo em, pelo menos, um artigo. Ainda que cite brevemente entraves sofridos por pessoas trans, existem debates em voga sobre a transexualidade no Candomblé que abordam as partes ritualísticas e as interdições que o chamado “binarismo sexual” interpõe. Um exemplo é a obra de Claudenilson Dias (2020), que trata das identidades trans no Candomblé, observando as contradições presentes na aceitação e rejeição de tais personagens para certas práticas ritualísticas. A participação de pessoas trans na ocupação dos cargos no Candomblé e demais CTTro ainda é palco para diálogos e pesquisas, e no volume em específico faltou uma discussão mais ampla que abrangesse tais públicos, pois como a própria sigla demonstra, o grupo LGBTQIA+ contempla um grande contingente de indivíduos que lutam por representação.

Tendo apontado o caráter epistemológico da obra e suas possíveis brechas, analiso, por fim, a estrutura do volume em sua construção editorial que, apesar de apresentar falhas pontuais, não perde sua relevância. Inicialmente, a obra necessitaria de uma revisão gramatical que eliminasse cortes de palavras e pontuações em locais inadequados. O quinto capítulo inclusive possui repetições de muitos parágrafos, sem aprofundamento na ideia central proposta.

O texto do último capítulo é apresenta adequadamente a ideia da laicidade, fazendo um prólogo sobre as leis que envolvem a comunidade LGBTQIA+. Contudo, o autor não traz esta questão para a realidade dos Terreiros, o que nos leva a duas questões sobre o artigo: como a ideia da laicidade, atrelada aos direitos da comunidade LGBTQIA+, pode contribuir para as práticas de uma CTTro? Como os terreiros estão inseridos (ou não) no discurso laico proposto pelo autor? Pensando nessas duas perguntas, seria oportuno que o texto fosse reposicionado como primeiro capítulo, pois traz pormenores teóricos e estatísticos importantes para se compreender as questões levantadas por outros textos. Nesta posição, os textos subsequentes poderiam dar conta de responder às perguntas supracitadas de modo a denotar uma certa “fluidez” textual da coletânea.

Por fim, cabe aqui ressaltar que o 5º volume da Coletânea Estudos da Religião é uma obra relevante no cenário nacional sobre os Estudos da Religião e pode ser utilizado como ferramenta de aprendizado docente e para uma boa preparação de aulas das Ciências Humanas que abordem as temáticas das religiões afro-diaspóricas atreladas às causas e demandas da comunidade LGBTQIA+. Apesar de os textos trazerem poucas inferências acerca do Ensino Religioso, elucidam bem o tema a quem estiver realmente interessado(a) em se debruçar sobre tais tópicos. Outro ponto positivo é que a obra traz para os holofotes as vertentes afro-religiosas da região norte, evidenciando terreiros, sacerdotes e personagens que demonstram uma pluralidade dentro do universo plural das CTTro no Brasil. Sendo assim, sua propagação e utilização por docentes e pesquisadores(as) da área para fins acadêmicos, literários ou puramente para aprimoramento e deleite pessoal é de grande importância.

Sumário de Terreiros, barracões e afetos: leituras sobre a homoafetividade nas religiões afro-brasileiras

  • Prefácio
  • 1. Palavras livres contra desejos e afetos tensionados no interior das CTTro – Comunidades Tradicionais de Terreiro | Sidnei Nogueira
  • 2. Tradições Afro-brasileiras | Sérgio Junqueira e Edmar Antonio Brostulim
  • 3. Terreiro, homossexualidade e desejos: os prazeres e o N´zo: o corpo como suporte de desejo e experiência espiritual | Washington Luis (Kamugenan)
  • 4. Entre o racismo e a homofobia: a presença de homens negros gays nas Comunidades Tradicionais de Terreiro | Thiago Teixeira
  • 5. As questões de gênero no Kwé de Mina Djedjê Nagô de Toy Lissá e Toyá: Jarina no Estado do Amapá | Clebson de Amorim Silveira e Marcos Vinicius de Freitas Reis
  • 6. Homoafetividade e cult os de possessão: questões da teoria para a Umbanda | Edmar Antonio Brostulim
  • 7. Discurso laico e posicionamento assimétrico da comunidade LGBTI+ no Brasil | Phablo Freire
  • Sobre os autores

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Resenhista

André de Jesus Lima é Mestre em Ensino e Relações Étnico-Raciais pela Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB – Campus Sosígenes Costa / Porto Seguro). Também é Historiador pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB – Campus XVIII / Eunápolis). Atua no ramo de pesquisa voltado ao protagonismo negros nas esferas de conhecimento, com ênfase nos estudos sobre as religiões e religiosidades afro-brasileiras. Tem experiência como Professor de História e Filosofia da Rede Estadual de Ensino da Bahia. ID LATTES: http://lattes.cnpq.br/9054331029753368; ID ORCID: 0000-0003-0532-8913; instagram: @andrelimonada; E-mail: andrelima_ajl@yahoo.com.br.


Para citar esta resenha

REIS, Marcos Vinicius de Freitas; JUNQUEIRA, Sérgio Rogério Azevedo (Orgs.). Terreiros, barracões e afetos: leituras sobre a homoafetividade nas religiões afro-brasileiras. Rio Branco: Nepan, 2021. 79p. Resenha de: LIMA, André de Jesus. Afetos e desejos no espaço da Fé. Crítica Historiográfica. Natal, v.3, n.11, mar./abr., 2021. Disponível em<https://www.criticahistoriografica.com.br/afetos-e-desejos-no-espaco-da-fe-resenha-de-andre-de-jesus-lima-sobre-terreiros-barracoes-e-afetos-leituras-sobre-a-homoafetividade-nas-religioes-afro-brasileiras-organ/>. DOI: 10.29327/254374.3.10-4


© – Os autores que publicam em Crítica Historiográfica concordam com a distribuição, remixagem, adaptação e criação a partir dos seus textos, mesmo para fins comerciais, desde que lhe sejam garantidos os devidos créditos pelas criações originais. (CC BY-SA).

 

Crítica Historiográfica. Natal, v.3, n. 10, mar./abr., 2023 | ISSN 2764-2666

 

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