Dinamismo e fluidez – Resenha de “História dos Sertões: espaços, sentidos e saberes”, dossiê da “Revista Galo”, organizado por Ariane de Medeiros Pereira e Avohanne Isabelle Costa de Araújo

Resenhado por João Fernando Barreto de Brito (UERN) | ID Orcid: https://orcid.org/0000-0003-1692-8703.

Capas dos três últimos números da Revista Galo (2021/2022)

As historiadoras Ariane de Medeiros Pereira[1] e Avohanne Isabelle Costa de Araújo[2] foram responsáveis pela organização do belíssimo dossiê de número 5 da Revista Galo, intitulado “História dos Sertões: espaços, sentidos e saberes”, publicado ainda no primeiro semestre de 2022. A capa conta com uma arte gráfica primorosa, assinada por Francisco Isaac Dantas de Oliveira e Gabriel Araújo, retratando o homem sertanejo e o seu inconfundível gibão. Nos dizeres de Oswaldo Lamartine Farias, a imagem representa mais que uma vestimenta de couro curtido, uma armadura utilizada pelo vaqueiro atrás das reses em meio a arbustos, galhos secos e espinhos que podem lhe cortar a pele facilmente (Faria, 1969). A referida imagem da capa foi cedida gentilmente pelo Instituto Moreira Salles, sendo ela de autoria do artista inglês Charles Landseer – que lhe deu o título de Certanjero or cattle driver form the certão of Pernambuco (1825-1826).

O principal objetivo do dossiê foi reunir trabalhos que pudessem demonstrar o quanto os Sertões – compreendidos em sua pluralidade – são fluidos. De acordo com as organizadoras desse material, pensar os Sertões significa romper com as classificações que reduzem o conceito às características físicas e/ou fixas, românticas e naturalizadas. Significa pensar as múltiplas relações sociais, espaciais e culturais, distanciando-se daquele sertão entendido como o lugar da barbárie, incógnito, distante ou simplesmente à oeste. Ariane Pereira e Avohanne Araújo preferiram reunir trabalhos que adentrassem no imaginário dos costumes, dos modos de fazer, dos sentidos e sensibilidades, na cotidianidade dos homens e mulheres sertanejas, nas diversas espacialidades – de norte a sul – que rompem fronteiras e, portanto, constituem-se enquanto espaços historicamente construídos.

“História dos Sertões: espaços, sentidos e saberes” contêm 164 páginas e está estruturado da seguinte forma: nove artigos de diversos autores que têm como temática comum o Sertão; além de um artigo livre e uma poesia (cuja interpretação deixaremos à cargo do leitor), estes últimos de autoria do professor José D’Assunção Barros. Passemos a eles.

No primeiro texto do dossiê, intitulado “Prezada Cora Coralina, vamos falar dos sertões?”, Rozélia Bezerra conversa, por meio da tecitura de uma carta, que tem como interlocutora a “poeta” (como gosta de enfatizar) Cora Coralina, acerca de seu incômodo em relação à hegemonia masculina no que tange os estudos das representações do “sertão”. Mediante a análise de poemas, fanzines e de uma literatura feminina, Bezerra nos mostra que os Sertões apresentam diferentes imbricações, extrapolando as fronteiras nordestinas ao tempo que podem ser percebidos em outras localidades (como o sertão goiano de onde escreve Cora Coralina), uma vez que são construção espacial, cultural e histórica. É a investigação dos sentidos e sensibilidades que confere diferentes representações, seja no sertão dos lugares de poder e das hierarquias sociais apontados por Cora, seja no poema da caucaiense Nara Sousa, cuja representação sobre sertão relacionava-se ao “cheiro da terra quando a chuva cai” e ao “gosto da terra desejando chuva”, o que – para Rozélia Bezerra – diz muito a respeito da importância da linguagem poética como fonte de pesquisa histórica.

Em “Euclides da Cunha atualizado no sertão da teledramaturgia”, Aurora Almeida de Miranda Leão nos apresenta o entrelaçamento da série Onde nascem os fortes (TV Globo, 2018) e as imagens do sertão que remontam às noções inauguradas no clássico livro de Euclides da Cunha, Os sertões (1902). O Objetivo central de seu trabalho é compreender os sentidos conferidos ao conceito de sertão na citada série e investigar o modo como as desigualdades sociais anunciadas por Euclides da Cunha, ainda início do século XX, repercutem no século XXI. Uma das importantes contribuições de seu texto é a descrição de como a imagem do sertão – euclidianamente evidenciada como de um solo nordestino seco, espaço de pobreza, fome e sede, construtora de uma estética da fome – é reproduzida no imaginário social por meio da fotografia, literatura, música, jornalismo, cinema, novelas e seriados. É na teledramaturgia que as tensões sociais, antigas e atuais, vêm à tona, na denúncia do machismo (ou macheza), na permanência do coronelismo, da violência contra a mulher no debate sobre gênero e protagonismo feminino, revelando, por sua vez, uma estrutura de domínio, a saber: capitalismo, colonialismo e patriarcado. Ademais, como bem pontuou Aurora Leão, Nordeste, assim como sertão, são espacialidades fundadas historicamente, reforçadas ao longo dos tempos nos mais variados meios por uma imagística e textos que lhe deram realidade e presença, parte de uma metanarrativa construtora da identidade brasileira.

O artigo “A musicalidade de Felinto Lúcio Dantas nos sertões do Rio Grande do Norte: memória perene”, de José Jaeder de Araújo Silva e Ariane de Medeiros Pereira, tem como proposta fundamental discutir a musicalidade de Felinto Lúcio Dantas nos sertões do Rio Grande do Norte. Os autores destacam que o sertão, aliás, é categoria espacial concebida no século XIX a partir da dicotomia com o litoral. Enquanto este era visto como civilizado e promissor, o primeiro era idealizado como desconhecido, lugar da barbárie. Tais representações povo(av)am o imaginário coletivo, atribuindo aos sujeitos sertanejos a alcunha de miseráveis e incivilizados, defendem Silva e Pereira. Ainda no início do século XX, estas simbologias acerca da paisagem sertaneja, da superação da natureza bruta – “exclusivamente” vegetação seca e árida – sobre o homem, colocava o sertão neste lugar de representação em que o “progresso” não havia “tocado”. Logo, é por meio das dizibilidades e visibilidades de tais imagens que a espacialidade sertaneja foi gestada e reforçada ao longo de todo o século XXI. O brilhantismo deste trabalho encontra-se justamente em problematizar tais construções. As práticas sociais dos homens e mulheres do sertão, por exemplo, desconstroem a imagética que põe esses sujeitos à margem dessa civilização. É o caso de Felinto Lúcio Dantas, que rompeu o estereótipo sobre o sertão e suas pessoas com a sua musicalidade. Sua atuação, que contou com o apoio de sua teia de relações (rede de solidariedade), fez sua música ecoar nos palcos europeus e no solo do Vaticano. Era, porém, um homem simples (do sertão), que desempenhava atividades agropastoris, admirado nos tablados da sociedade “civilizada”.

O artigo “A rememoração elitista da abolição da escravidão na ‘Terra da Liberdade’, no século XX” é costurado por muitas mãos. Carlos da Silva, Maria Santana, Moisés Ribeiro, Rayanne Duarte e o professor Valdeci dos Santos Júnior são os autores desse trabalho que problematiza a construção de uma memória coletiva pelas elites locais mossoroenses (celebrada nos meios políticos e presente na oralidade ainda hoje), que discursivamente atribuiu à cidade de Mossoró o título de “Terra da Liberdade”. Cabe dizer que essa denominação surgiu em referência à emancipação mossoroense que alforriou seus escravizados, cinco anos antes da assinatura da Lei Áurea (1888). Na problematização desse discurso das elites (reforçado pela historiografia tradicional), e questionando a narrativa de um sertão em que as relações entre senhores e escravos ocorriam de maneira branda, o citado grupo investigou uma gama de periódicos, por meio do acervo da Hemeroteca Digital (BN), que ajudaram a compreender as particularidades do processo abolicionista mossoroense. O uso dessa memória abolicionista local pelas oligarquias (em especial a família Escóssia) e a construção de marcos e monumentos (além da criação de datas, festividades, personagens, ruas e prédios históricos em alusão ao evento) reforçam um suposto protagonismo dos membros de uma elite comercial, branca, letrada e maçônica. É em tom de denúncia que os escritores desse texto refletem sobre esse “protagonismo” estampado nas folhas do jornal “O Libertador”, repetido pela historiografia tradicional e autoridades políticas locais que silencia as ações e lutas dos escravizados e de toda uma classe operária negra abolicionista mossoroense.

No artigo seguinte, Ariane de Medeiros Pereira nos brindou com o texto “Os discursos produtores dos sertões do Seridó: José de Azevêdo Dantas e Oswaldo Lamartine de Faria”, no qual utiliza-se da análise dos discursos de José Dantas e Oswaldo Lamartine. A autora parte do pressuposto de que as práticas discursivas se tornam um meio social de poder e, por isso, tanto Dantas como Lamartine são produtores de representações acerca do sertão do Seridó, a partir de interesses e pontos de vista próprios.

A autora reflete e conclui que o discurso saudosista, naturalista e familiar produzido por Oswaldo Lamartine, bem como as representações memorialísticas românticas de Azevêdo Dantas, são partes importantes da construção espacial e identitária de um sertão plural, partes que constituem as subjetividades dos sertões seriodenses.

Paisagem do Sertão do Seridó – Acude gargalheiras, em Acari/RN | Imagem: Wikipédia

Marcela Gomes Fonseca adentrou nos sertões amazônicos coloniais em seu trabalho intitulado “Monções no rio Madeira: as expedições de Francisco de Melo Palheta (1722) e Manuel Félix de Lima (1742)”. A autora investigou duas viagens de pequenos grupos de viajantes que se deslocavam pelos rios em pequenas canoas, nas fronteiras entre as capitanias do Grão-Pará e Mato Grosso: a de cunho oficial, de Melo Palheta (1742), e a particular, de Manuel Lima (1742). Ambas visualizavam o sertão amazônico como “promissor” em drogas do sertão, mão de obra indígena, rotas de navegação e relações comerciais. Ante a ameaça castelhana, as representações construídas pelas expedições contribuíram para uma (re)formulação de políticas mais rígidas e organizadas de ocupação efetiva das regiões limítrofes, sobretudo, em relação ao controle do rio Madeira, conta-nos a autora. Tratado em seu texto como “sertão”, o rio Madeira era território resultante da disputa e das relações cotidianas e locais, produto das dinâmicas populacionais indígenas diante das políticas não indígenas de expansão territorial das autoridades, particulares e missionárias. Fonseca destaca a presença de indígenas, negros e trabalhadores empregados nas monções ao longo do rio Madeira nos relatos sobre a paisagem sertaneja amazônica e nas representações construídas pelas citadas expedições. Fonseca também trata dos fluxos de recuo e avanço das viagens e negociações, espaços vivos, dinâmicos e imprevisíveis, nunca vazios ou esvaziados de pessoas.

“‘A comissão veio, mas o que tem feito?’ A chegada da comissão de engenheiros e as discussões sobre melhoramentos agrícolas nos sertões do Rio Grande do Norte em 1904” é o artigo de Avohanne Isabelle Costa de Araújo, uma das organizadoras desse dossiê. O objetivo de seu trabalho é analisar a repercussão da visita do engenheiro Sampaio Correia ao Rio Grande do Norte (1904) entre autoridades locais mossoroenses (centrada na figura de Bento Praxedes, agricultores e comerciantes locais). Por meio da análise de periódicos locais (O Mossoroense e O Comércio) e fontes oficiais do governo (relatórios ministeriais e da governança), Avohanne Araújo tentou recuperar as percepções da elite local sobre o desenvolvimento da agricultura no sertão, realizado mediante “progresso” técnico. A pauta apresentada pela “Comissão Patriótica” de Praxedes ao engenheiro Sampaio Correia (a ser convencido sobre a necessidade da construção da ferrovia Mossoró-São Francisco e de açudes) é o testemunho de que se acreditava na superação dos males ocasionados pelas secas. Para além disso, o texto de Avohanne Araújo desnuda as tensões entre as elites locais e os governos estadual e central em torno da destinação de verbas públicas, denunciando as contradições entre as cidades do litoral e do sertão, este último espaço visto como distante, que parecia não estar integrado ao projeto de modernização e civilização enunciado pela Nação.

O texto “Nos limites da norma: casamentos consanguíneos na Freguesia da Gloriosa Senhora Sant’Ana (séc. XVIII e XIX)”, a historiadora Tatiane Eloise da Silva descreve pesquisa de fôlego empreendida nos arquivos da casa paroquial São Joaquim (Caicó/RN). Por meio de pesquisa do tipo serial e quantitativa, sistematizou registros de casamento (1788 a 1821), livros de óbito (1788-1838) e livros de batismo (1803-1818) em um robusto banco de dados, verificando proibições e permissões das alianças matrimoniais despachadas pela freguesia da Gloriosa Senhora Sant’Ana do Seridó entre os séculos XVIII e XIX. O objetivo da autora foi descobrir a lógica católica empregada para conferir tais autorizações (ou não) e suas implicações sociais na formação familiar dos sertanejos seridoenses. A partir de suas pesquisas, pôde-se perceber a subordinação de parte das alianças matrimoniais pela ação da Igreja (amparada por legislação e constituições eclesiásticas), bem como o poder do matrimônio de estabelecer alianças entre famílias, no sentido de conservar ou multiplicar patrimônios particulares, além de conservar/perpetuar linhagens. A autora demonstrou que, apesar das imposições morais e religiosas (que refletiam fiscalização do cotidiano da população), alguns indivíduos encontravam meios para burlar as regras estabelecidas. Quanto às mulheres seridoenses, a autora percebeu que a grande maioria passava da tutela dos pais para a de seus esposos.

O capítulo final desse dossiê temático, que tem como autores Sebastião Genicarlos dos Santos e Laísa Fernanda Santos de Farias, é intitulado “Comunidade Quilombola de Boa Vista dos Negros: relações inter-raciais, trajetórias pessoais e percursos educativos numa perspectiva etno-histórica”. Os historiadores se ocuparam da comunidade Quilombola Boa Vista dos Negros, situada na zona rural de Parelhas, no Seridó norte-rio-grandense. O objetivo foi apreender as interações étnico-raciais com as povoações circunvizinhas de Boa Vista dos Lucianos e Boa Vista dos Barros (ambas de gente branca), partindo de suas relações com os espaços educacionais. O trabalho buscou avaliar fontes diversas, como depoimentos orais, documentos cartoriais, registros escolares e iconográficos e, particularmente, acompanhar o processo de escolarização e profissionalização da professora Chica Viera de Boa Vista, a protagonista desta história. Além disso, os autores se utilizaram de métodos antropológicos (trabalho de campo), na tentativa de captar as visões de mundo e pontos de vistas dos negros da citada comunidade, referentes (sobretudo) às estratégias para conquistar o acesso à escolarização e a compreensão dos significados da educação formal.

Pelas sínteses que fizemos dos textos publicados no dossiê n. 5 da Revista Galo, consideramos que o objetivo principal dos organizadores (demonstrar a pluralidade e a fluidez da categoria “sertões”) foi plenamente atingido. Nesse sentido, compreendemos que o dossiê “História dos Sertões: espaços, sentidos e saberes”, organizado por Ariane Pereira e Avohanne Araújo, é leitura obrigatória para aqueles que buscam aprofundar-se nos estudos dos sertões. Os textos reunidos são de grande riqueza conceitual, metodológica. Além da apresentação e emprego de uma grande variedade de fontes-primárias, os textos abordam as múltiplas formas de se perceber e conceber os sertões, fruto das subjetividades, produto histórico, nunca determinado ou estático.

Sumário do dossiê “História dos Sertões: espaços, sentidos e saberes”

  • Editorial | Ariane de Medeiros Pereira e Avohanne Isabelle Costa de Araújo
  • Prezada Cora Coralina, vamos falar dos sertões? | Rozélia Bezerra
  • Euclides da Cunha atualizado no sertão da teledramaturgia | Aurora Almeida de Miranda Leão
    A musicalidade de Felinto Lúcio Dantas nos sertões do Rio Grande do Norte: memória perene | José Jaeder de Araújo Solva e Ariane de Medeiros Pereira
  • A rememoração elitista da abolição da escravidão na “Terra da Liberdade”, no século XX | Carlos Ramon Carneiro da Silva, Maria Leidiane Santana, Moisés Emanuel Ribeiro, Rayanne Leite Duarte e Valdeci dos Santos Júnior
  • Os discursos produtores dos sertões do Seridó: José de Azevêdo Dantas e Oswaldo Lamartine de Faria | Ariane de Medeiros Pereira
  • Monções no rio Madeira: as expedições de Francisco de Melo Palheta (1722) e Manuel Félix de Lima (1742) | Marcela Gomes Fonseca
  • “A comissão veio, mas o que tem feito?” A chegada da comissão de engenheiros e as discussões sobre melhoramentos agrícolas nos sertões do Rio Grande do Norte em 1904 | Avohanne Isabelle Costa de Araújo
  • Nos limites da Norma: casamentos consanguíneos na Freguesia da Gloriosa Senhora Sant’Ana (séc. XVIII–XIX) | Tatiane Eloise da Silva
  • Comunidade Quilombola de Boa Vista dos Negros: relações inter-raciais, trajetórias pessoais e percursos educativos numa perspectiva etno-histórica | Sebastião Genicarlos dos Santos e Laísa Fernanda Santos de Farias

Notas

[1] Mestra em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte — UFRN/CCHLA. Atualmente professora do Colégio Diocesano Seridoense/Caicó/RN. E-mail: ariane1988medeiros@hotmail.com.

[2] Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde, da Casa de Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz—PPGHCS-COC/Fiocruz. Atualmente é professora do Departamento de História da Universidade Federal do Maranhão – UFMA. E-mail: avohanneu@yahoo.com.br.

Referências

Certanjero or cattle driver form the certão of Pernambuco (1825-1826), de Charles Landseer está disponível no site do Instituto Moreira Salles em: <https://ims.com.br/titular-colecao/charles-landseer/>. Acesso em: 12 set. 2022.

FARIA, Oswaldo Lamartine de. Encouramento e arreios do vaqueiro no Seridó. Natal, Fundação José Augusto, 1969.


Para ampliar a sua revisão da literatura


Resenhista

João Fernando Barreto de Brito é doutor em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e professor do Departamento de História da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Publicou, entre outros trabalhos: “Não ao peso, não ao recrutamento: os Quebra-quilos e as autoridades públicas no Rio Grande do Norte – 1874-1875” (Revista Galo, 2021), A História do Rio Grande do Norte Oitocentista: Textos e materiais didáticos para o ensino da História Local (Cabana, 2021) e “Entre leis, censos e congressos: o debate sobre o trabalho livre no Brasil, na segunda metade do século XIX” (Cadernos de História, 2017). ID LATTES: 2836123850254834; ID: ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1692-8703; E-mail: joaofernandohistoria@gmail.com.


Para citar essa resenha

PEREIRA, Ariane de Medeiros; ARAÚJO, Avohanne Isabelle Costa de. Dossiê História dos Sertões: espaços, sentidos e saberes. Revista Galo – Arte, Sociedade e Cultura. Parnamirim, n.5, jan./jun. 2022. Resenha de: BRITO, João Fernando Barreto de. Crítica Historiográfica. Natal, v.2, n.8, nov./dez., 2022. Disponível em <https://www.criticahistoriografica.com.br/dinamismo-e-fluidez-resenha-de-historia-dos-sertoes-espacos-sentidos-e-saberes-dossie-da-revista-gallo-organizado-por-ariane-de-medeiros-pereira-e-avo/>. DOI: 10.29327/254374.2.8-9


© – Os autores que publicam em Crítica Historiográfica concordam com a distribuição, remixagem, adaptação e criação a partir dos seus textos, mesmo para fins comerciais, desde que lhe sejam garantidos os devidos créditos pelas criações originais. (CC BY-SA).

 

Crítica Historiográfica. Natal, v.2, n. 8, nov./dez., 2022 | ISSN 2764-2666

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Dinamismo e fluidez – Resenha de “História dos Sertões: espaços, sentidos e saberes”, dossiê da “Revista Galo”, organizado por Ariane de Medeiros Pereira e Avohanne Isabelle Costa de Araújo

Resenhado por João Fernando Barreto de Brito (UERN) | ID Orcid: https://orcid.org/0000-0003-1692-8703.

Capas dos três últimos números da Revista Galo (2021/2022)

As historiadoras Ariane de Medeiros Pereira[1] e Avohanne Isabelle Costa de Araújo[2] foram responsáveis pela organização do belíssimo dossiê de número 5 da Revista Galo, intitulado “História dos Sertões: espaços, sentidos e saberes”, publicado ainda no primeiro semestre de 2022. A capa conta com uma arte gráfica primorosa, assinada por Francisco Isaac Dantas de Oliveira e Gabriel Araújo, retratando o homem sertanejo e o seu inconfundível gibão. Nos dizeres de Oswaldo Lamartine Farias, a imagem representa mais que uma vestimenta de couro curtido, uma armadura utilizada pelo vaqueiro atrás das reses em meio a arbustos, galhos secos e espinhos que podem lhe cortar a pele facilmente (Faria, 1969). A referida imagem da capa foi cedida gentilmente pelo Instituto Moreira Salles, sendo ela de autoria do artista inglês Charles Landseer – que lhe deu o título de Certanjero or cattle driver form the certão of Pernambuco (1825-1826).

O principal objetivo do dossiê foi reunir trabalhos que pudessem demonstrar o quanto os Sertões – compreendidos em sua pluralidade – são fluidos. De acordo com as organizadoras desse material, pensar os Sertões significa romper com as classificações que reduzem o conceito às características físicas e/ou fixas, românticas e naturalizadas. Significa pensar as múltiplas relações sociais, espaciais e culturais, distanciando-se daquele sertão entendido como o lugar da barbárie, incógnito, distante ou simplesmente à oeste. Ariane Pereira e Avohanne Araújo preferiram reunir trabalhos que adentrassem no imaginário dos costumes, dos modos de fazer, dos sentidos e sensibilidades, na cotidianidade dos homens e mulheres sertanejas, nas diversas espacialidades – de norte a sul – que rompem fronteiras e, portanto, constituem-se enquanto espaços historicamente construídos.

“História dos Sertões: espaços, sentidos e saberes” contêm 164 páginas e está estruturado da seguinte forma: nove artigos de diversos autores que têm como temática comum o Sertão; além de um artigo livre e uma poesia (cuja interpretação deixaremos à cargo do leitor), estes últimos de autoria do professor José D’Assunção Barros. Passemos a eles.

No primeiro texto do dossiê, intitulado “Prezada Cora Coralina, vamos falar dos sertões?”, Rozélia Bezerra conversa, por meio da tecitura de uma carta, que tem como interlocutora a “poeta” (como gosta de enfatizar) Cora Coralina, acerca de seu incômodo em relação à hegemonia masculina no que tange os estudos das representações do “sertão”. Mediante a análise de poemas, fanzines e de uma literatura feminina, Bezerra nos mostra que os Sertões apresentam diferentes imbricações, extrapolando as fronteiras nordestinas ao tempo que podem ser percebidos em outras localidades (como o sertão goiano de onde escreve Cora Coralina), uma vez que são construção espacial, cultural e histórica. É a investigação dos sentidos e sensibilidades que confere diferentes representações, seja no sertão dos lugares de poder e das hierarquias sociais apontados por Cora, seja no poema da caucaiense Nara Sousa, cuja representação sobre sertão relacionava-se ao “cheiro da terra quando a chuva cai” e ao “gosto da terra desejando chuva”, o que – para Rozélia Bezerra – diz muito a respeito da importância da linguagem poética como fonte de pesquisa histórica.

Em “Euclides da Cunha atualizado no sertão da teledramaturgia”, Aurora Almeida de Miranda Leão nos apresenta o entrelaçamento da série Onde nascem os fortes (TV Globo, 2018) e as imagens do sertão que remontam às noções inauguradas no clássico livro de Euclides da Cunha, Os sertões (1902). O Objetivo central de seu trabalho é compreender os sentidos conferidos ao conceito de sertão na citada série e investigar o modo como as desigualdades sociais anunciadas por Euclides da Cunha, ainda início do século XX, repercutem no século XXI. Uma das importantes contribuições de seu texto é a descrição de como a imagem do sertão – euclidianamente evidenciada como de um solo nordestino seco, espaço de pobreza, fome e sede, construtora de uma estética da fome – é reproduzida no imaginário social por meio da fotografia, literatura, música, jornalismo, cinema, novelas e seriados. É na teledramaturgia que as tensões sociais, antigas e atuais, vêm à tona, na denúncia do machismo (ou macheza), na permanência do coronelismo, da violência contra a mulher no debate sobre gênero e protagonismo feminino, revelando, por sua vez, uma estrutura de domínio, a saber: capitalismo, colonialismo e patriarcado. Ademais, como bem pontuou Aurora Leão, Nordeste, assim como sertão, são espacialidades fundadas historicamente, reforçadas ao longo dos tempos nos mais variados meios por uma imagística e textos que lhe deram realidade e presença, parte de uma metanarrativa construtora da identidade brasileira.

O artigo “A musicalidade de Felinto Lúcio Dantas nos sertões do Rio Grande do Norte: memória perene”, de José Jaeder de Araújo Silva e Ariane de Medeiros Pereira, tem como proposta fundamental discutir a musicalidade de Felinto Lúcio Dantas nos sertões do Rio Grande do Norte. Os autores destacam que o sertão, aliás, é categoria espacial concebida no século XIX a partir da dicotomia com o litoral. Enquanto este era visto como civilizado e promissor, o primeiro era idealizado como desconhecido, lugar da barbárie. Tais representações povo(av)am o imaginário coletivo, atribuindo aos sujeitos sertanejos a alcunha de miseráveis e incivilizados, defendem Silva e Pereira. Ainda no início do século XX, estas simbologias acerca da paisagem sertaneja, da superação da natureza bruta – “exclusivamente” vegetação seca e árida – sobre o homem, colocava o sertão neste lugar de representação em que o “progresso” não havia “tocado”. Logo, é por meio das dizibilidades e visibilidades de tais imagens que a espacialidade sertaneja foi gestada e reforçada ao longo de todo o século XXI. O brilhantismo deste trabalho encontra-se justamente em problematizar tais construções. As práticas sociais dos homens e mulheres do sertão, por exemplo, desconstroem a imagética que põe esses sujeitos à margem dessa civilização. É o caso de Felinto Lúcio Dantas, que rompeu o estereótipo sobre o sertão e suas pessoas com a sua musicalidade. Sua atuação, que contou com o apoio de sua teia de relações (rede de solidariedade), fez sua música ecoar nos palcos europeus e no solo do Vaticano. Era, porém, um homem simples (do sertão), que desempenhava atividades agropastoris, admirado nos tablados da sociedade “civilizada”.

O artigo “A rememoração elitista da abolição da escravidão na ‘Terra da Liberdade’, no século XX” é costurado por muitas mãos. Carlos da Silva, Maria Santana, Moisés Ribeiro, Rayanne Duarte e o professor Valdeci dos Santos Júnior são os autores desse trabalho que problematiza a construção de uma memória coletiva pelas elites locais mossoroenses (celebrada nos meios políticos e presente na oralidade ainda hoje), que discursivamente atribuiu à cidade de Mossoró o título de “Terra da Liberdade”. Cabe dizer que essa denominação surgiu em referência à emancipação mossoroense que alforriou seus escravizados, cinco anos antes da assinatura da Lei Áurea (1888). Na problematização desse discurso das elites (reforçado pela historiografia tradicional), e questionando a narrativa de um sertão em que as relações entre senhores e escravos ocorriam de maneira branda, o citado grupo investigou uma gama de periódicos, por meio do acervo da Hemeroteca Digital (BN), que ajudaram a compreender as particularidades do processo abolicionista mossoroense. O uso dessa memória abolicionista local pelas oligarquias (em especial a família Escóssia) e a construção de marcos e monumentos (além da criação de datas, festividades, personagens, ruas e prédios históricos em alusão ao evento) reforçam um suposto protagonismo dos membros de uma elite comercial, branca, letrada e maçônica. É em tom de denúncia que os escritores desse texto refletem sobre esse “protagonismo” estampado nas folhas do jornal “O Libertador”, repetido pela historiografia tradicional e autoridades políticas locais que silencia as ações e lutas dos escravizados e de toda uma classe operária negra abolicionista mossoroense.

No artigo seguinte, Ariane de Medeiros Pereira nos brindou com o texto “Os discursos produtores dos sertões do Seridó: José de Azevêdo Dantas e Oswaldo Lamartine de Faria”, no qual utiliza-se da análise dos discursos de José Dantas e Oswaldo Lamartine. A autora parte do pressuposto de que as práticas discursivas se tornam um meio social de poder e, por isso, tanto Dantas como Lamartine são produtores de representações acerca do sertão do Seridó, a partir de interesses e pontos de vista próprios.

A autora reflete e conclui que o discurso saudosista, naturalista e familiar produzido por Oswaldo Lamartine, bem como as representações memorialísticas românticas de Azevêdo Dantas, são partes importantes da construção espacial e identitária de um sertão plural, partes que constituem as subjetividades dos sertões seriodenses.

Paisagem do Sertão do Seridó – Acude gargalheiras, em Acari/RN | Imagem: Wikipédia

Marcela Gomes Fonseca adentrou nos sertões amazônicos coloniais em seu trabalho intitulado “Monções no rio Madeira: as expedições de Francisco de Melo Palheta (1722) e Manuel Félix de Lima (1742)”. A autora investigou duas viagens de pequenos grupos de viajantes que se deslocavam pelos rios em pequenas canoas, nas fronteiras entre as capitanias do Grão-Pará e Mato Grosso: a de cunho oficial, de Melo Palheta (1742), e a particular, de Manuel Lima (1742). Ambas visualizavam o sertão amazônico como “promissor” em drogas do sertão, mão de obra indígena, rotas de navegação e relações comerciais. Ante a ameaça castelhana, as representações construídas pelas expedições contribuíram para uma (re)formulação de políticas mais rígidas e organizadas de ocupação efetiva das regiões limítrofes, sobretudo, em relação ao controle do rio Madeira, conta-nos a autora. Tratado em seu texto como “sertão”, o rio Madeira era território resultante da disputa e das relações cotidianas e locais, produto das dinâmicas populacionais indígenas diante das políticas não indígenas de expansão territorial das autoridades, particulares e missionárias. Fonseca destaca a presença de indígenas, negros e trabalhadores empregados nas monções ao longo do rio Madeira nos relatos sobre a paisagem sertaneja amazônica e nas representações construídas pelas citadas expedições. Fonseca também trata dos fluxos de recuo e avanço das viagens e negociações, espaços vivos, dinâmicos e imprevisíveis, nunca vazios ou esvaziados de pessoas.

“‘A comissão veio, mas o que tem feito?’ A chegada da comissão de engenheiros e as discussões sobre melhoramentos agrícolas nos sertões do Rio Grande do Norte em 1904” é o artigo de Avohanne Isabelle Costa de Araújo, uma das organizadoras desse dossiê. O objetivo de seu trabalho é analisar a repercussão da visita do engenheiro Sampaio Correia ao Rio Grande do Norte (1904) entre autoridades locais mossoroenses (centrada na figura de Bento Praxedes, agricultores e comerciantes locais). Por meio da análise de periódicos locais (O Mossoroense e O Comércio) e fontes oficiais do governo (relatórios ministeriais e da governança), Avohanne Araújo tentou recuperar as percepções da elite local sobre o desenvolvimento da agricultura no sertão, realizado mediante “progresso” técnico. A pauta apresentada pela “Comissão Patriótica” de Praxedes ao engenheiro Sampaio Correia (a ser convencido sobre a necessidade da construção da ferrovia Mossoró-São Francisco e de açudes) é o testemunho de que se acreditava na superação dos males ocasionados pelas secas. Para além disso, o texto de Avohanne Araújo desnuda as tensões entre as elites locais e os governos estadual e central em torno da destinação de verbas públicas, denunciando as contradições entre as cidades do litoral e do sertão, este último espaço visto como distante, que parecia não estar integrado ao projeto de modernização e civilização enunciado pela Nação.

O texto “Nos limites da norma: casamentos consanguíneos na Freguesia da Gloriosa Senhora Sant’Ana (séc. XVIII e XIX)”, a historiadora Tatiane Eloise da Silva descreve pesquisa de fôlego empreendida nos arquivos da casa paroquial São Joaquim (Caicó/RN). Por meio de pesquisa do tipo serial e quantitativa, sistematizou registros de casamento (1788 a 1821), livros de óbito (1788-1838) e livros de batismo (1803-1818) em um robusto banco de dados, verificando proibições e permissões das alianças matrimoniais despachadas pela freguesia da Gloriosa Senhora Sant’Ana do Seridó entre os séculos XVIII e XIX. O objetivo da autora foi descobrir a lógica católica empregada para conferir tais autorizações (ou não) e suas implicações sociais na formação familiar dos sertanejos seridoenses. A partir de suas pesquisas, pôde-se perceber a subordinação de parte das alianças matrimoniais pela ação da Igreja (amparada por legislação e constituições eclesiásticas), bem como o poder do matrimônio de estabelecer alianças entre famílias, no sentido de conservar ou multiplicar patrimônios particulares, além de conservar/perpetuar linhagens. A autora demonstrou que, apesar das imposições morais e religiosas (que refletiam fiscalização do cotidiano da população), alguns indivíduos encontravam meios para burlar as regras estabelecidas. Quanto às mulheres seridoenses, a autora percebeu que a grande maioria passava da tutela dos pais para a de seus esposos.

O capítulo final desse dossiê temático, que tem como autores Sebastião Genicarlos dos Santos e Laísa Fernanda Santos de Farias, é intitulado “Comunidade Quilombola de Boa Vista dos Negros: relações inter-raciais, trajetórias pessoais e percursos educativos numa perspectiva etno-histórica”. Os historiadores se ocuparam da comunidade Quilombola Boa Vista dos Negros, situada na zona rural de Parelhas, no Seridó norte-rio-grandense. O objetivo foi apreender as interações étnico-raciais com as povoações circunvizinhas de Boa Vista dos Lucianos e Boa Vista dos Barros (ambas de gente branca), partindo de suas relações com os espaços educacionais. O trabalho buscou avaliar fontes diversas, como depoimentos orais, documentos cartoriais, registros escolares e iconográficos e, particularmente, acompanhar o processo de escolarização e profissionalização da professora Chica Viera de Boa Vista, a protagonista desta história. Além disso, os autores se utilizaram de métodos antropológicos (trabalho de campo), na tentativa de captar as visões de mundo e pontos de vistas dos negros da citada comunidade, referentes (sobretudo) às estratégias para conquistar o acesso à escolarização e a compreensão dos significados da educação formal.

Pelas sínteses que fizemos dos textos publicados no dossiê n. 5 da Revista Galo, consideramos que o objetivo principal dos organizadores (demonstrar a pluralidade e a fluidez da categoria “sertões”) foi plenamente atingido. Nesse sentido, compreendemos que o dossiê “História dos Sertões: espaços, sentidos e saberes”, organizado por Ariane Pereira e Avohanne Araújo, é leitura obrigatória para aqueles que buscam aprofundar-se nos estudos dos sertões. Os textos reunidos são de grande riqueza conceitual, metodológica. Além da apresentação e emprego de uma grande variedade de fontes-primárias, os textos abordam as múltiplas formas de se perceber e conceber os sertões, fruto das subjetividades, produto histórico, nunca determinado ou estático.

Sumário do dossiê “História dos Sertões: espaços, sentidos e saberes”

  • Editorial | Ariane de Medeiros Pereira e Avohanne Isabelle Costa de Araújo
  • Prezada Cora Coralina, vamos falar dos sertões? | Rozélia Bezerra
  • Euclides da Cunha atualizado no sertão da teledramaturgia | Aurora Almeida de Miranda Leão
    A musicalidade de Felinto Lúcio Dantas nos sertões do Rio Grande do Norte: memória perene | José Jaeder de Araújo Solva e Ariane de Medeiros Pereira
  • A rememoração elitista da abolição da escravidão na “Terra da Liberdade”, no século XX | Carlos Ramon Carneiro da Silva, Maria Leidiane Santana, Moisés Emanuel Ribeiro, Rayanne Leite Duarte e Valdeci dos Santos Júnior
  • Os discursos produtores dos sertões do Seridó: José de Azevêdo Dantas e Oswaldo Lamartine de Faria | Ariane de Medeiros Pereira
  • Monções no rio Madeira: as expedições de Francisco de Melo Palheta (1722) e Manuel Félix de Lima (1742) | Marcela Gomes Fonseca
  • “A comissão veio, mas o que tem feito?” A chegada da comissão de engenheiros e as discussões sobre melhoramentos agrícolas nos sertões do Rio Grande do Norte em 1904 | Avohanne Isabelle Costa de Araújo
  • Nos limites da Norma: casamentos consanguíneos na Freguesia da Gloriosa Senhora Sant’Ana (séc. XVIII–XIX) | Tatiane Eloise da Silva
  • Comunidade Quilombola de Boa Vista dos Negros: relações inter-raciais, trajetórias pessoais e percursos educativos numa perspectiva etno-histórica | Sebastião Genicarlos dos Santos e Laísa Fernanda Santos de Farias

Notas

[1] Mestra em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte — UFRN/CCHLA. Atualmente professora do Colégio Diocesano Seridoense/Caicó/RN. E-mail: ariane1988medeiros@hotmail.com.

[2] Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde, da Casa de Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz—PPGHCS-COC/Fiocruz. Atualmente é professora do Departamento de História da Universidade Federal do Maranhão – UFMA. E-mail: avohanneu@yahoo.com.br.

Referências

Certanjero or cattle driver form the certão of Pernambuco (1825-1826), de Charles Landseer está disponível no site do Instituto Moreira Salles em: <https://ims.com.br/titular-colecao/charles-landseer/>. Acesso em: 12 set. 2022.

FARIA, Oswaldo Lamartine de. Encouramento e arreios do vaqueiro no Seridó. Natal, Fundação José Augusto, 1969.


Para ampliar a sua revisão da literatura


Resenhista

João Fernando Barreto de Brito é doutor em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e professor do Departamento de História da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Publicou, entre outros trabalhos: “Não ao peso, não ao recrutamento: os Quebra-quilos e as autoridades públicas no Rio Grande do Norte – 1874-1875” (Revista Galo, 2021), A História do Rio Grande do Norte Oitocentista: Textos e materiais didáticos para o ensino da História Local (Cabana, 2021) e “Entre leis, censos e congressos: o debate sobre o trabalho livre no Brasil, na segunda metade do século XIX” (Cadernos de História, 2017). ID LATTES: 2836123850254834; ID: ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1692-8703; E-mail: joaofernandohistoria@gmail.com.


Para citar essa resenha

PEREIRA, Ariane de Medeiros; ARAÚJO, Avohanne Isabelle Costa de. Dossiê História dos Sertões: espaços, sentidos e saberes. Revista Galo – Arte, Sociedade e Cultura. Parnamirim, n.5, jan./jun. 2022. Resenha de: BRITO, João Fernando Barreto de. Crítica Historiográfica. Natal, v.2, n.8, nov./dez., 2022. Disponível em <https://www.criticahistoriografica.com.br/dinamismo-e-fluidez-resenha-de-historia-dos-sertoes-espacos-sentidos-e-saberes-dossie-da-revista-gallo-organizado-por-ariane-de-medeiros-pereira-e-avo/>. DOI: 10.29327/254374.2.8-9


© – Os autores que publicam em Crítica Historiográfica concordam com a distribuição, remixagem, adaptação e criação a partir dos seus textos, mesmo para fins comerciais, desde que lhe sejam garantidos os devidos créditos pelas criações originais. (CC BY-SA).

 

Crítica Historiográfica. Natal, v.2, n. 8, nov./dez., 2022 | ISSN 2764-2666

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