Deslocamentos na longa duração – Resenha de Almir Félix Batista de Oliveira (UFRN) sobre o livro “The History and Evolution of Tourism”, de Prokopis A. Christou.

Prokopis A. Christou | Imagem: ResearchGate

Resumo: O livro The History and Evolution of Tourism, de Prokopis A. Christou (2022), apresenta o desenvolvimento do turismo e suas possíveis transformações futuras, utilizando estudos de caso e sínteses teóricas. A obra carece de definição consistente de turismo e fundamentação teórica sólida. No entanto, é clara, didática e explora a ética do turismo.

Palavras-chave: história do turismo; turismo e sociedade; gestão turística.


The history and evolution of Tourism é um liro de Prokopis A. Christou, lançado em 2022 pela CABI que fornece “uma visão geral da história e da evolução do turismo até ao presente, e especula sobre possíveis e prováveis mudanças no futuro”, empregando “exemplos e estudos de casos reais, ligados a profissionais, derivados de vários domínios do turismo” (p. ii).

Prokopis A. Christou é professor assistente de Turismo na Universidade de Tecnologia de Chipre, especialista em Gestão Hoteleira e Turística. Publicou artigos em revistas especializadas, como Annals of Tourism ResearchTourism ManagementInternational Journal of Hospitality ManagementInternational Journal of Contemporary Hospitality Management e Current Issues in Tourism. Recentemente, tem produzido trabalhos na área de Inteligência Artificial aplicada à análise textual e à automação na gestão do turismo. O trabalho atual de Christou é organizado em sete capítulos, detalhando diferentes períodos da história do turismo.

Os capítulos são acompanhados de “estudos de caso”, onde um texto teórico de síntese apresenta conceitos básicos da área e um exercício em forma de itens de resposta construída, estimulando o relacionamento passado/presente.

O capítulo primeiro corresponde à Introdução, onde o autor apresenta significados de evolução, enfatizando as ideias de mudança e desenvolvimento. Ali, oferece a obra a estudantes acadêmicos de Turismo e Sociologia e Geografia Humana, por exemplo, como instrumento para a construção de teses e dissertações.

No segundo, o autor aborda o período 9000 c.C-650 d.C quando os deslocamentos das pessoas entre regiões e cidades eram realizados, principalmente, por motivos religiosos. Assim são enquadradas as viagens para visitar monumentos, participar de celebrações na Índia, China e Roma antigas. Datam dessa época também os primeiros jardins e zoológicos e as primeiras rotas comerciais e culturais.

O terceiro capítulo foca no turismo do período 500-1500 (“idade média”). Nele são destacados os atrativos relacionados ao sofrimento e à morte (as torturas), às peregrinações religiosas (Meca e Jerusalém, entre outras), e à gastronomia. Também discorre sobre as atrações que exploram a experimentação do passado por turistas, possibilitada por festivais, mercados de natal, viagens em navios e vivências em vilas vikings reconstruídas.

No quarto capítulo, o autor explora o período inicial da idade moderna (1500-1750), destacando o fenômeno do Grand tour (século XVII) e seus desdobramentos: os roteiros e os pacotes turísticos. Também discorre sobre a emergência dos museus na Europa, Ásia e Oceania, incluindo os museus ao ar livre.

O capítulo quinto discorre sobre a invenção do segmento de luxo do turismo (1750-1940). Apresenta classificação de valores (financeiro, funcional, individual e social) e demonstra o vigor dessa modalidade, narrando o desenvolvimento dos transportes na área: os trens experimentais na Inglaterra, Austrália e na China, por exemplo; a criação dos hotéis e redes de luxo, como a cadeia de César Ritz; a construção de navios de luxo, como o Titanic; a criação das primeiras operadoras de turismo, em escala local e nacional, e os órgãos estatais de gerenciamento dessa atividade. O capítulo também informa que eventos como a Gripe Espanhola, a Segunda Guerra Mundial e a Covid 19 são, ao mesmo tempo, limitadoras de fluxo e criadoras de novos perfis de turista e de alterações turísticas.

O sexto capítulo (1945-2020) descreve o surgimento do transporte aéreo (do dirigível à aviação de baixo custo) e seus desafios (guerras e terrorismo, por exemplo). Discute a transição dos parques de diversão aos parques temáticos (a disneilandização na América, Europa e Ásia) e os seus respectivos problemas de gestão e expansão. Toca nos efeitos da Guerra Fria e do movimento da Contracultura para o turismo, como os estímulos às viagens internas na União Soviética e a busca pelas rotas Hippies em direção à Índia e ao Nepal. Também explora o surgimento do turismo de massa e os seus impactos benéficos e maléficos e os seus desdobramentos em termos teóricos, com as noções de “capacidade de carga”, “sustentabilidade” cultural, social e ambiental, “turismo de nicho” (aventura, esqui na neve, cinema) e a inovação do AIRBNB.

O último capítulo faz o papel de conclusão. Nele, o autor apresenta tendências para os impactos e investimentos no setor de turismo e hospitalidade: implicações de gerras e epidemias e investimentos em internet, inteligência artificial e realidade aumentada; a necessidade de efetivar um turismo sustentável; as implicações éticas no que diz respeito à busca por situações de escape e por “experiências hedonistas” (incluindo viagens virtuais e espaciais); à instituição de uma comunicação mais objetiva e pragmática dos pesquisadores de turismo; e ao bem estar dos animais em atividades de lazer e na gastronomia.

Selfie é uma das práticas reprovadas em benefício do bem-estar animal | Foto: Proteção Animal Mundial/Vegazeta

Como toda obra, principalmente de síntese, há questões dignas de aplauso e outras nem tanto. Das imporfeições, destacamos a indefinição de “turismo”, para além da tipificação do objeto como fenômeno psico/social, embora trate das causas, consequências e dinâmicas. Turismo, paradoxalmente, é categoria (conceito ahistórico), apesar de o texto ser nomeado como “A história” do turismo. O autor também descreve e tipifica a literatura histórica sobre o turismo de modo acrítico. O domínio História é apresentado de maneira simplória, como instrumento de compreensão do passado e previsão e criação do futuro.

Assim, as narrativas são desprovidas de ancoragem teórica em Turismo e em História. Além disso, a ideia de turismo como deslocamento “da residência” despreza as significações de “viagem” para os povos citados (e os nômades?). As narrativas também enfatizam a continuidade de motivações e, consequentemente, de funções dessas práticas, com desdobramentos também para os significados de turismo. As referências constantes às sobrevivências do passado no presente, como o interesse por souvenirs, hábito de visitar cafés e a oferta de comida artesanal, por exemplo, refletem a ênfase nas continuidades, embora sem fios condutores que justifiquem as escolhas dos fatos.

Isso provoca uma irregularidade no fluxo da narrativa. Na primeira metade do livro, processos e eventos da política internacional, por exemplo, pautam o fenômeno do turismo. Na outra metade, o turismo ganha autonomia, fato reforçado pela ampliação de referências à pesquisa específica no interior do texto. Se não há uma definição de turismo que atravesse a obra, como pode o autor fornecer “um relato dos prováveis impactos e tendências evolutivas do turismo com base na visão geral histórica da evolução do turismo e da hospitalidade ao longo dos séculos”?

Paradoxalmente, e de modo positivo, os “estudos de caso” roubam a cena da obra. As narrativas sobre cada período funcionam como pretextos. É uma ferramenta compreensível para iniciantes e curiosos, focando nas definições, tipificações, nomes dos autores e alguns exemplos, além de questões-chave para a atividade, como a ética na gestão e a formação da marca. A disposição prelecionada (teoria/aplicação da teoria) é objetiva, clara e simples e as questões propostas aos leitores estão organicamente relacionadas às temáticas de cada capítulo.

Preocupação é rara e, também, bastante positiva é a discussão sobre desafios enfrentados pela gestão de museus, principalmente as questões éticas sobre comportamento de turistas em estabelecimentos que rememoram tragédias, como o Holocausto.

A síntese que introduz cada capítulo é outro ponto positivo, considerando o esforço da obra por inteligibilidade do leitor. O resumo é claro em orgânico e corresponde exatamente ao conteúdo do capítulo.

O autor demonstra prudência ao reconhecer as limitações da obra em termos do reduzido espaço na mancha e da ausência de aprofundamento sob determinados temas, remetendo insuficiências ao caráter didático da obra. Também reconhece as limitações da periodização clássica da história humana, justificando segmentações temporais que fogem ao senso comum e a inclusão de experiências regionais em uma história pretensamente “global”.

Assim, descontadas a confusão entre “evolução” e mudança histórica e as oscilações sobre a ideia de turismo, podemos considerar que o autor cumpriu os objetivos declarados inicialmente, já que entrega tanto uma proposta didática de sintese temporal, como algumas ideias de expectativas e desafios para o setor. É material didático que pode ser consumido pelos iniciantes da área, considerando as observações críticas efetuadas nesta resenha.

Sumário de The history and evolution of Tourism

  • Biographical Note
  • 1. Introduction
  • 2. The Ancient History of Tourism (c.9000 bc–ad 650)
  • 3. Tourism during Post-Classical Times (500–1500)
  • 4. Tourism during the Early Modern Period (1500–1750)
  • 5. Tourism during the Late Modern Period (1750–1945)
  • 6. Tourism during the Contemporary Period (1945–Early 2020s)
  • 7. The Future of Tourism and Hospitality (?)
  • Epilogue
  • Index

Resenhista

Almir Félix Batista de Oliveira é doutor em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), mestre em História pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e graduado em Administração pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). É pós-doutor em Turismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde atua como professor Visitante no Departamento de Turismo  e no Programa de Pós-Graduação em Turismo. Entre outros trabalhos, publicou: O aprendizado da História por meio do patrimônio cultural (2022) e É possível fazer turismo cultural depois da Covid-19? (2021). ID LATTES: http://lattes.cnpq.br/6348825553522569; ID ORCID: orcid.org/0000-0002-8570-9179;   E-mail: almirfbo@yahoo.com.br.


Para citar esta resenha

CRISTOU, Prokopis A. The history and evolution of Tourism. Boston: CABI, 2022. 153p. Resenha de: OLIVEIRA, Almir Félix Batista de. Desclocamentos na longa duração. Crítica Historiográfica. Natal, v.4, n.16, mar./abr., 2024. Disponível em <https://www.criticahistoriografica.com.br/mudancas-no-setor-viageiro-resenha-de-almir-oliveira-ufrn-sobre-o-livro-the-history-and-evolution-of-tourism-organizado-por-prokopis-a-christou/>.

 


© – Os autores que publicam em Crítica Historiográfica concordam com a distribuição, remixagem, adaptação e criação a partir dos seus textos, mesmo para fins comerciais, desde que lhe sejam garantidos os devidos créditos pelas criações originais. (CC BY-SA).

 

Crítica Historiográfica. Natal, v.4, n.19, set./out., 2024 | ISSN 2764-2666

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Deslocamentos na longa duração – Resenha de Almir Félix Batista de Oliveira (UFRN) sobre o livro “The History and Evolution of Tourism”, de Prokopis A. Christou.

Prokopis A. Christou | Imagem: ResearchGate

Resumo: O livro The History and Evolution of Tourism, de Prokopis A. Christou (2022), apresenta o desenvolvimento do turismo e suas possíveis transformações futuras, utilizando estudos de caso e sínteses teóricas. A obra carece de definição consistente de turismo e fundamentação teórica sólida. No entanto, é clara, didática e explora a ética do turismo.

Palavras-chave: história do turismo; turismo e sociedade; gestão turística.


The history and evolution of Tourism é um liro de Prokopis A. Christou, lançado em 2022 pela CABI que fornece “uma visão geral da história e da evolução do turismo até ao presente, e especula sobre possíveis e prováveis mudanças no futuro”, empregando “exemplos e estudos de casos reais, ligados a profissionais, derivados de vários domínios do turismo” (p. ii).

Prokopis A. Christou é professor assistente de Turismo na Universidade de Tecnologia de Chipre, especialista em Gestão Hoteleira e Turística. Publicou artigos em revistas especializadas, como Annals of Tourism ResearchTourism ManagementInternational Journal of Hospitality ManagementInternational Journal of Contemporary Hospitality Management e Current Issues in Tourism. Recentemente, tem produzido trabalhos na área de Inteligência Artificial aplicada à análise textual e à automação na gestão do turismo. O trabalho atual de Christou é organizado em sete capítulos, detalhando diferentes períodos da história do turismo.

Os capítulos são acompanhados de “estudos de caso”, onde um texto teórico de síntese apresenta conceitos básicos da área e um exercício em forma de itens de resposta construída, estimulando o relacionamento passado/presente.

O capítulo primeiro corresponde à Introdução, onde o autor apresenta significados de evolução, enfatizando as ideias de mudança e desenvolvimento. Ali, oferece a obra a estudantes acadêmicos de Turismo e Sociologia e Geografia Humana, por exemplo, como instrumento para a construção de teses e dissertações.

No segundo, o autor aborda o período 9000 c.C-650 d.C quando os deslocamentos das pessoas entre regiões e cidades eram realizados, principalmente, por motivos religiosos. Assim são enquadradas as viagens para visitar monumentos, participar de celebrações na Índia, China e Roma antigas. Datam dessa época também os primeiros jardins e zoológicos e as primeiras rotas comerciais e culturais.

O terceiro capítulo foca no turismo do período 500-1500 (“idade média”). Nele são destacados os atrativos relacionados ao sofrimento e à morte (as torturas), às peregrinações religiosas (Meca e Jerusalém, entre outras), e à gastronomia. Também discorre sobre as atrações que exploram a experimentação do passado por turistas, possibilitada por festivais, mercados de natal, viagens em navios e vivências em vilas vikings reconstruídas.

No quarto capítulo, o autor explora o período inicial da idade moderna (1500-1750), destacando o fenômeno do Grand tour (século XVII) e seus desdobramentos: os roteiros e os pacotes turísticos. Também discorre sobre a emergência dos museus na Europa, Ásia e Oceania, incluindo os museus ao ar livre.

O capítulo quinto discorre sobre a invenção do segmento de luxo do turismo (1750-1940). Apresenta classificação de valores (financeiro, funcional, individual e social) e demonstra o vigor dessa modalidade, narrando o desenvolvimento dos transportes na área: os trens experimentais na Inglaterra, Austrália e na China, por exemplo; a criação dos hotéis e redes de luxo, como a cadeia de César Ritz; a construção de navios de luxo, como o Titanic; a criação das primeiras operadoras de turismo, em escala local e nacional, e os órgãos estatais de gerenciamento dessa atividade. O capítulo também informa que eventos como a Gripe Espanhola, a Segunda Guerra Mundial e a Covid 19 são, ao mesmo tempo, limitadoras de fluxo e criadoras de novos perfis de turista e de alterações turísticas.

O sexto capítulo (1945-2020) descreve o surgimento do transporte aéreo (do dirigível à aviação de baixo custo) e seus desafios (guerras e terrorismo, por exemplo). Discute a transição dos parques de diversão aos parques temáticos (a disneilandização na América, Europa e Ásia) e os seus respectivos problemas de gestão e expansão. Toca nos efeitos da Guerra Fria e do movimento da Contracultura para o turismo, como os estímulos às viagens internas na União Soviética e a busca pelas rotas Hippies em direção à Índia e ao Nepal. Também explora o surgimento do turismo de massa e os seus impactos benéficos e maléficos e os seus desdobramentos em termos teóricos, com as noções de “capacidade de carga”, “sustentabilidade” cultural, social e ambiental, “turismo de nicho” (aventura, esqui na neve, cinema) e a inovação do AIRBNB.

O último capítulo faz o papel de conclusão. Nele, o autor apresenta tendências para os impactos e investimentos no setor de turismo e hospitalidade: implicações de gerras e epidemias e investimentos em internet, inteligência artificial e realidade aumentada; a necessidade de efetivar um turismo sustentável; as implicações éticas no que diz respeito à busca por situações de escape e por “experiências hedonistas” (incluindo viagens virtuais e espaciais); à instituição de uma comunicação mais objetiva e pragmática dos pesquisadores de turismo; e ao bem estar dos animais em atividades de lazer e na gastronomia.

Selfie é uma das práticas reprovadas em benefício do bem-estar animal | Foto: Proteção Animal Mundial/Vegazeta

Como toda obra, principalmente de síntese, há questões dignas de aplauso e outras nem tanto. Das imporfeições, destacamos a indefinição de “turismo”, para além da tipificação do objeto como fenômeno psico/social, embora trate das causas, consequências e dinâmicas. Turismo, paradoxalmente, é categoria (conceito ahistórico), apesar de o texto ser nomeado como “A história” do turismo. O autor também descreve e tipifica a literatura histórica sobre o turismo de modo acrítico. O domínio História é apresentado de maneira simplória, como instrumento de compreensão do passado e previsão e criação do futuro.

Assim, as narrativas são desprovidas de ancoragem teórica em Turismo e em História. Além disso, a ideia de turismo como deslocamento “da residência” despreza as significações de “viagem” para os povos citados (e os nômades?). As narrativas também enfatizam a continuidade de motivações e, consequentemente, de funções dessas práticas, com desdobramentos também para os significados de turismo. As referências constantes às sobrevivências do passado no presente, como o interesse por souvenirs, hábito de visitar cafés e a oferta de comida artesanal, por exemplo, refletem a ênfase nas continuidades, embora sem fios condutores que justifiquem as escolhas dos fatos.

Isso provoca uma irregularidade no fluxo da narrativa. Na primeira metade do livro, processos e eventos da política internacional, por exemplo, pautam o fenômeno do turismo. Na outra metade, o turismo ganha autonomia, fato reforçado pela ampliação de referências à pesquisa específica no interior do texto. Se não há uma definição de turismo que atravesse a obra, como pode o autor fornecer “um relato dos prováveis impactos e tendências evolutivas do turismo com base na visão geral histórica da evolução do turismo e da hospitalidade ao longo dos séculos”?

Paradoxalmente, e de modo positivo, os “estudos de caso” roubam a cena da obra. As narrativas sobre cada período funcionam como pretextos. É uma ferramenta compreensível para iniciantes e curiosos, focando nas definições, tipificações, nomes dos autores e alguns exemplos, além de questões-chave para a atividade, como a ética na gestão e a formação da marca. A disposição prelecionada (teoria/aplicação da teoria) é objetiva, clara e simples e as questões propostas aos leitores estão organicamente relacionadas às temáticas de cada capítulo.

Preocupação é rara e, também, bastante positiva é a discussão sobre desafios enfrentados pela gestão de museus, principalmente as questões éticas sobre comportamento de turistas em estabelecimentos que rememoram tragédias, como o Holocausto.

A síntese que introduz cada capítulo é outro ponto positivo, considerando o esforço da obra por inteligibilidade do leitor. O resumo é claro em orgânico e corresponde exatamente ao conteúdo do capítulo.

O autor demonstra prudência ao reconhecer as limitações da obra em termos do reduzido espaço na mancha e da ausência de aprofundamento sob determinados temas, remetendo insuficiências ao caráter didático da obra. Também reconhece as limitações da periodização clássica da história humana, justificando segmentações temporais que fogem ao senso comum e a inclusão de experiências regionais em uma história pretensamente “global”.

Assim, descontadas a confusão entre “evolução” e mudança histórica e as oscilações sobre a ideia de turismo, podemos considerar que o autor cumpriu os objetivos declarados inicialmente, já que entrega tanto uma proposta didática de sintese temporal, como algumas ideias de expectativas e desafios para o setor. É material didático que pode ser consumido pelos iniciantes da área, considerando as observações críticas efetuadas nesta resenha.

Sumário de The history and evolution of Tourism

  • Biographical Note
  • 1. Introduction
  • 2. The Ancient History of Tourism (c.9000 bc–ad 650)
  • 3. Tourism during Post-Classical Times (500–1500)
  • 4. Tourism during the Early Modern Period (1500–1750)
  • 5. Tourism during the Late Modern Period (1750–1945)
  • 6. Tourism during the Contemporary Period (1945–Early 2020s)
  • 7. The Future of Tourism and Hospitality (?)
  • Epilogue
  • Index

Resenhista

Almir Félix Batista de Oliveira é doutor em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), mestre em História pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e graduado em Administração pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). É pós-doutor em Turismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde atua como professor Visitante no Departamento de Turismo  e no Programa de Pós-Graduação em Turismo. Entre outros trabalhos, publicou: O aprendizado da História por meio do patrimônio cultural (2022) e É possível fazer turismo cultural depois da Covid-19? (2021). ID LATTES: http://lattes.cnpq.br/6348825553522569; ID ORCID: orcid.org/0000-0002-8570-9179;   E-mail: almirfbo@yahoo.com.br.


Para citar esta resenha

CRISTOU, Prokopis A. The history and evolution of Tourism. Boston: CABI, 2022. 153p. Resenha de: OLIVEIRA, Almir Félix Batista de. Desclocamentos na longa duração. Crítica Historiográfica. Natal, v.4, n.16, mar./abr., 2024. Disponível em <https://www.criticahistoriografica.com.br/mudancas-no-setor-viageiro-resenha-de-almir-oliveira-ufrn-sobre-o-livro-the-history-and-evolution-of-tourism-organizado-por-prokopis-a-christou/>.

 


© – Os autores que publicam em Crítica Historiográfica concordam com a distribuição, remixagem, adaptação e criação a partir dos seus textos, mesmo para fins comerciais, desde que lhe sejam garantidos os devidos créditos pelas criações originais. (CC BY-SA).

 

Crítica Historiográfica. Natal, v.4, n.19, set./out., 2024 | ISSN 2764-2666

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