Música no Brasil: textos e contextos | Luciana Requião (UFF)
Resumo: Neste número, intitulado “Música no Brasil: textos e contextos”, destacamos o avanço dos estudos musicais como campo interdisciplinar que integra aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais. O dossiê revisa dez obras acadêmicas recentes que exploram a música brasileira em suas complexas relações sociais e processos coletivos.
Palavras-chave: interdisciplinaridade; música brasileira; músicos.
A música no Brasil tem se se tornado um campo de estudos cada vez mais interdisciplinar, distanciando-se de um modelo de pesquisa centrado em ilustres personagens da história da música ou que privilegia a música enquanto um fato isolado, ignorando as condições políticas, econômicas, sociais e culturais de sua produção.
Quando o assunto é o trabalho do músico, encontramos pesquisas dispersas nas mais diversas áreas do conhecimento, como a Educação, Comunicação, Sociologia, História e Antropologia. Se em algum momento os músicos-pesquisadores precisaram sair de suas áreas para estudar a música de forma mais ampla, é importante notar que o século XXI inaugura uma série de estudos realizados por músicos-pesquisadores, a maioria na área da etnomusicologia, que busca contar a História, considerando o fazer musical em suas múltiplas dimensões.
O dossiê Música no Brasil: textos e contextos apresenta resenhas de livros que, em seu conjunto, nos mostram um complexo de relações sociais, temporalidades e espacialidades, ajudando-nos a compreender a diversidade e as condições nas quais a música brasileira foi e é produzida. São dez obras majoritariamente resultantes de pesquisa acadêmica, publicadas nos últimos cinco anos. Duas delas foram publicadas entre 2012 e 2018, e a terceira é um clássico de José Ramos Tinhorão, publicado originalmente em 1997, sendo resenhada a sua edição do ano de 2011. As resenhas estão apresentadas em ordem cronológica, começando pelos livros de publicação mais recente.
A autoria das resenhas é composta por musicistas – mestres, mestras, doutores e doutoras – cujas próprias pesquisas expressam a compreensão do fazer musical como parte de múltiplos processos e múltiplas determinações, ou seja, que a música deve ser tratada como atividade essencialmente coletiva, que permeia e é permeada por inúmeros aspectos da vida social.
Com esse dossiê esperamos contribuir para o entendimento da música não mais como algo isolado da vida social, cultural, política e econômica, mas como fruto do desenvolvimento da sociabilidade humana em práticas coletivas. Nesse sentido, tomamos o conceito de trabalho acústico de Samuel Araújo, um dos autores resenhados, para reiterar a necessidade e a premência de reconhecermos a música como algo compreendido/implicado na dinâmica social das relações estabelecidas entre seres humanos ao fazer música.
Autora
Luciana Requião é doutora em Educação pela UFF e Mestre em Música pela UNIRIO, professora do Instituto de Educação de Angra dos Reis (IEAR/UFF) e do Programa de Pós-Graduação em Música da UNIRIO. Publicou, dentre outros, Eis aí a Lapa…: processos e relações de trabalho do músico nas casas de shows da Lapa (São Paulo: Annablume, 2010) e Festa acabada, músicos a pé!: um estudo crítico sobre as relações de trabalho de músicos atuantes no estado do Rio de Janeiro” (2016). ID: LATTES: http://lattes.cnpq.br/2687869588131721; ID ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0351-0578; E-mail: lucianarequiao@id.uff.br; Instagram: lucianareq.
Para citar este texto
REQUIÃO, Luciana. Música no Brasil: textos e contextos. Crítica Historiográfica. Natal, v.4, n.17, maio/jun., 2024. Disponível em <Música no Brasil: textos e contextos | Luciana Requião – Crítica Historiografica (criticahistoriografica.com.br)>.
Este editorial foi produzido com recursos de Inteligência Artificial (IA), conforme regulação anunciada em Crítica Historiográfica, 4/5/2023.
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